Lula remonta equipe que venceu adversidades em 2003

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Foto: Roberto Stuckert Filho e Joseph Eid/AFP

O time escolhido por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para conduzir a transição de governos em Brasília traz de volta à cena sete pessoas que integraram a mesma equipe há exatos 20 anos, quando o petista conquistou a Presidência da República pela primeira vez.

São aliados e quadros técnicos históricos do PT, agora misturados a novos atores da política e celebridades na maior equipe de transição da história do Brasil, que já chega a 300 integrantes.

A atual presidente nacional da legenda e coordenadora da Articulação Política da transição, Gleisi Hoffmann, fez parte em 2002 da equipe de Gestão e Governo sob a coordenação de Luiz Gushiken, ex-dirigente do PT falecido em 2013.

O atual senador Humberto Costa (PT-PE), escalado para o grupo de trabalho da Saúde, foi coordenador de Políticas Sociais em 2002. Naquele ano, disputou e perdeu o governo de Pernambuco. Acabou nomeado ministro da Saúde por Lula em 2003.

A economista Miriam Belchior, ex-ministra do Planejamento e ex-presidente da Caixa no Governo Dilma, também está de volta. Nos preparativos para a gestão Lula 3.0, Miriam cuidará de temas ligados à Infraestrutura.

Outra figurinha carimbada é a ex-ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome no Governo Dilma Rousseff, Tereza Campello. No passado, a economista e ex-deputada gaúcha integrou a equipe de Empresas Públicas e Instituições Financeiras de Estado. Desta vez, Tereza está no grupo de Desenvolvimento Social e Combate à Fome ao lado de Simone Tebet (MDB), Bela Gil e outros.

No mesmo time de Tereza estava, em 2002, a arquiteta e urbanista Ermínia Maricato, que agora foi indicada por Lula e Alckmin para compor o GT de Cidades.

Além de secretária-executiva do Ministério das Cidades no primeiro Governo Lula, Ermínia foi secretária municipal de Habitação de São Paulo na gestão da então petista Luiza Erundina.

Na equipe de transição, a arquiteta despachará até janeiro com figuras da política paulista como o deputado federal eleito Guilherme Boulos (PSOL) e o ex-governador Márcio França (PSB).

Lula também convocou outra aliada de anos, a economista Tania Bacellar, 78, que atuou como secretária de Políticas Regionais do Ministério da Integração Regional no seu primeiro governo. Neste ano, ela cuidará do grupo de Desenvolvimento Regional.

Em 2002, ela coordenou a equipe de Desenvolvimento Econômico, porque tinha sido funcionária da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) e também secretária da Fazenda do governo de Miguel Arraes (PSB) em Pernambuco.

O sétimo aliado de Lula a voltar para a transição de governo depois de duas décadas é o ex-presidente da Funai Márcio Meira, que compõe o GT de Povos Originários ao lado de lideranças indígenas e acadêmicos que estudam o tema.

Em 2002, ele preparou o programa de cultura da campanha de Lula e cuidou do assunto no time das Políticas Sociais coordenado por Humberto Costa.

O presidente eleito também convocou outro parceiro de sua primeira transição para o grupo de Ciência, Tecnologia e Inovação. Ildeu Moreira, físico da UFRJ e ex-presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), esteve na equipe de Desenvolvimento Econômico em 2002 ao lado do também físico Luiz Pinguelli Rosa, que chegou até a ser cotado para o Ministério de Minas e Energia, mas acabou desbancado por Dilma Rousseff.

A hoje ex-presidente, que participou da transição em 2002, não está no time que se reúne em Brasília até janeiro. Mas ao menos 40 nomes indicados neste ano integraram seus governos como ministros, secretários, assessores ou dirigentes de estatais.

Aloizio Mercadante, espécie de “número 2” de Alckmin no gabinete deste ano, não assumiu função oficial em 2002, quando se elegeu senador por São Paulo. Ainda assim, foi um dos interlocutores mais frequentes de Lula no processo de transição.

Os integrantes da transição de 2002 que ficaram de fora neste ano também ajudam a contar a história das duas décadas que se passaram. O coordenador dos trabalhos em 2002 foi Antonio Palocci, que se desfiliou do PT há cinco anos, foi preso, delatou Lula e teve a pena anulada no ano passado. Hoje, atua como consultor de empresas, como relatou o colunista Lauro Jardim.

Arno Augustin, considerado o mentor das chamadas “pedaladas fiscais” que levaram ao impeachment de Dilma em 2016, não passará perto do Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB), onde a equipe dá expediente. Mas seu irmão, Carlos Augustin, pode ser oficializado no GT de Agricultura.

O coordenador do núcleo econômico de 2002, Sérgio Gabrielli, também ficou de fora até agora. Sua atuação mais recente no PT foi a coordenação da campanha presidencial de Fernando Haddad (PT) no segundo turno de 2018.

A indicação de novos membros para a transição ainda não está descartada – Alckmin e Mercadante anunciaram novos integrantes nesta quinta – e ainda não foram preenchidos os times de Defesa e Inteligência. Mas o número de petistas e aliados que também já atuaram na transição, por ora, não deve aumentar – seja pelo perfil específico destas vagas ou pela ficha criminal.

O Globo