Padilha se fortalece no governo Lula

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Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado e Divulgação/GOVBA

Os sinais cada vez mais claros de que o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad deve assumir o Ministério da Fazenda têm direcionado o deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP) para retornar ao comando da pasta de Relações Institucionais, cargo que ele já ocupou e que deve recuperar o status de ministério. Assim como Haddad, o parlamentar pleiteava chefiar a Fazenda. Ambos são personagens da estrita confiança do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Padilha já foi ministro da articulação política durante o segundo mandato de Lula, em 2009. Na ocasião, o deputado tinha 38 anos. Na cadeira, passou a desempenhar o papel de coordenador político da Presidência da República. Dentro do PT, ele é visto como um articulador habilidoso e de credibilidade, características indispensáveis ao responsável por capitanear as negociações com o Congresso.

Auxiliares de Lula defendem que o presidente nomeie Padilha ao cargo o quanto antes para que ele possa ajudar nas tratativas relacionadas à PEC da Transição, a Proposta de Emenda à Constituição que abriria um espaço no Orçamento para Lula honrar parte de suas promessas de campanha, entre elas a concessão do Bolsa Família de R$ 600. Ele se juntaria ao senador Jaques Wagner (PT-BA) e ao senador eleito Wellington Dias (PT-PI) na função.

Os entusiastas do nome de Padilha para a cadeira argumentam que falta um interlocutor de Lula com quem as legendas possam negociar também a partir de 2023 e que assuma riscos, respaldado pelo presidente da República. Lula, no entanto, não tem dado sinais claros de que pretende bater martelo sobre o caso nos próximos dias.

Caberá ao ministro da articulação política capitanear a formação da base de apoio ao petista, de modo a garantir a governabilidade a partir de 2023. Pelas características do novo Congresso, mais conservador do que o atual, há um consenso de que Lula precisará botar de pé um governo de coalizão, ancorado em diferentes partidos, capazes de lhe garantir votos no Congresso.

— O PT tem consciência de que precisa compor com mais partidos no próximo governo. Uma coisa era 2003, quando Lula foi presidente pela primeira vez, outra coisa é agora. O cenário é muito diferente — compara o líder do PT no Senado, Paulo Rocha (PT-PA).

O parlamentar é médico infectologista e já chefiou o Ministério da Saúde, razão pela qual foi destacado na equipe de transição para ajudar no grupo de trabalho dessa área. Ele, no entanto, já deixou claro que pretende assumir outra missão.

Se escolher Padilha para capitanear a articulação política a partir do ano que vem, Lula também vai contemplar o PT de São Paulo e, paralelamente, abrirá espaço para o deputado Orlando Silva, do PCdoB, continuar na Câmara na próxima legislatura. Silva é o primeiro suplente e considerado uma peça importante para o governo na Câmara.

A possibilidade de o ex-ministro da articulação de Lula voltar às origens ganhou força, sobretudo, depois que Haddad foi designado para integrar o núcleo temático da economia na transição. Inicialmente, ele havia ajudado a escalar o núcleo de educação, pasta que ele já comandou. Trata-se de mais um indicativo de que Haddad é o favorito para ser ministro da Fazenda. Além disso, na semana passada, o ex-prefeito representou Lula numa reunião com diversos banqueiros.

Dentro dessa costura, o governador da Bahia, Rui Costa (PT), aparece como nome forte para assumir a Casa Civil de Lula. Pelo perfil conciliador e pela boa aprovação como chefe do Executivo estadual — conseguiu eleger o petista Jerônimo Rodrigues como sucessor em outubro —, Costa é o nome mais bem posicionado para o cargo atualmente. O senador Jaques Wagner é quem mais trabalha para alçar o aliado à Casa Civil.

No estado, Costa é considerado um “tocador de obra”. Com estilo “gerentão” e centralizador, cobra prazos, resultados e quer saber detalhes dos projetos sob responsabilidade dos secretários. Desta forma, a avaliação é de que as características o credenciam para o posto, que tem como uma das tarefas coordenar o trabalho de outros ministérios. Por ter garantido ampla vitória a Lula na eleição, o PT da Bahia cobra participação de relevo no governo.

O Globo