PSDB tentará ressuscitar em 2026

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Foto: Reprodução

Um dos principais partidos para a redemocratização do país, o PSDB saiu menor das eleições deste ano e tem pela frente o desafio de se reinventar depois de desidratar no Congresso Nacional e perder o comando de São Paulo pela primeira vez em quase 30 anos. Mas a eleição de três governadores pode dar um fôlego para a renovação e os nomes de Raquel Lyra (PE) e Eduardo Leite (RS) despontam nas bolsas de aposta para comandar esse processo.

Outrora principal adversário do Partido dos Trabalhadores, com quem rivalizou em todas as eleições presidenciais entre 1994 e 2014, o PSDB perdeu representatividade e não lançou candidato à Presidência da República pela primeira vez desde a sua fundação. O efeito, avaliam integrantes da legenda, foi a redução das bancadas na Câmara e no Senado e o fracasso eleitoral de Rodrigo Garcia em São Paulo, que nem sequer conseguiu disputar o 2º turno em um tradicional reduto tucano. O partido comanda o Palácio dos Bandeirantes de forma consecutiva desde 1995, com seis governadores diferentes no período.

Como em outros Estados, a disputa paulista reproduziu a polarização nacional e Tarcísio de Freitas (Republicanos), candidato do presidente Jair Bolsonaro (PL), foi o escolhido para rivalizar com Fernando Haddad (PT), candidato lulista. Na Assembleia Legislativa, o PL e o PT conquistaram as maiores bancadas, em configuração similar à da Câmara dos Deputados, onde o PSDB elegeu apenas 13 dos 18 parlamentares da federação com o Cidadania.

“Tendo em vista o cenário de polarização, a gente consegue explicar o resultado. O remédio fundamental é disputarmos a Presidência da República daqui a quatro anos para protagonizar e elevar nossa bancada no Congresso Nacional”, avalia Marco Vinholi, presidente do PSDB em São Paulo.

A eleição de três dos quatro candidatos a governos estaduais – Eduardo Leite (RS), Raquel Lyra (PE) e Eduardo Riedel (MS) – pode contribuir na busca de um norte que parecia completamente perdido no primeiro turno, já que nenhum deles era favorito nos Estados que disputava.

Fortalecida após dar aos tucanos o comando inédito de Pernambuco, Raquel Lyra deve ter papel importante na configuração, mas Eduardo Leite é o favorito para ditar os rumos nos próximos anos. O gaúcho pode inclusive substituir Bruno Araújo na presidência nacional do partido, bastando aceitar um convite feito pelo próprio dirigente.

“A regeneração do PSDB como força política depende muito da atuação desses dois governadores, que são aqueles notadamente mais comprometidos com a tradição social democrata e os membros com maior visibilidade e projeção nesse momento. Todo processo político, especialmente quando se torna muito personalizado, se dá em torno de personagens e não de partidos. Depende muito de ter caras”, avalia o ex-senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), um dos primeiros tucanos a declarar apoio à candidatura de Lula. Integrante do governo de transição do petista, ele culpa o bolsonarismo pela desidratação tucana nos últimos anos e critica o partido por ter decidido não compor a base do próximo governo Lula.

“O PSDB é uma força com tradição e quadros valorosos que poderia contribuir para o país nessa fase em que estamos lutando para nos livrar do bolsonarismo. Acho que foi uma decisão equivocada, mas paciência”, diz.

Para o cientista político Celso Roma, da USP, no entanto, o futuro tucano passa por uma aliança de centro-direita com outros partidos, tendo em vista a oposição ao governo do PT, e a disputa da eleição presidencial de 2026.

“Apesar de todos os problemas e desmandos do presidente Bolsonaro, mais de 48 milhões de eleitores rejeitaram nas urnas a alternativa Lula do PT. O voto deles também tem legitimidade. Quem os representará nos próximos anos? Milhões de eleitores anti-PT já votaram num passado recente em sucessivos candidatos do PSDB a presidente da República. Em 2014, o então candidato do PSDB Aécio Neves recebeu mais de 51 milhões de votos no segundo turno da eleição presidencial”, pondera Roma.

Internamente, a principal discussão do partido passa por ampliar a federação com o Cidadania e abarcar o Podemos e o MDB. As conversas com o MDB, contudo, esfriaram nos últimos dias depois que o partido decidiu embarcar no governo de Lula. Os partidos federados atuam como um só por pelo menos quatro anos e formam uma única bancada no Congresso.

Valor Econômico