PT quer comandar ministério da Saúde

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Foto: Roque de Sá/Agência Senado

O PT quer garantir para si o comando do Ministério da Saúde no governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. Os nomes mais cotados são justamente os três petistas que fazem parte do grupo de trabalho da área de saúde, todos ex-ministros nos governos Lula e Dilma Rousseff: o senador Humberto Costa (PT-PE), o deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP), e o ex-ministro Arthur Chioro. Há ainda na equipe José Gomes Temporão, que foi ministro da Saúde no segundo governo Lula, mas que é filiado ao PSB.

Seja quem for o escolhido, as prioridades já estão traçadas: primeiro, uma grande campanha para recuperar a cobertura vacinal no país, abalada pela postura negacionista do presidente Jair Bolsonaro (PL) em relação aos imunizantes, desencorajando pais de vacinarem os filhos. No caso da poliomielite, por exemplo, a baixa adesão à campanha atual traz preocupação.

No país, a cobertura de crianças da faixa etária elegível está em 72,5%, segundo dados do Ministério da Saúde, sendo que a meta é de 95% – no Distrito Federal, por exemplo, só 53% foram imunizados.

“Hoje há um problema, que não temos dimensão exata, de desabastecimento de medicamentos e vacinas. O presidente Lula tem falado em reunir os governadores, e uma das questões será fazer um pacto pela saúde, trazer as secretarias estaduais e municipais, inclusive oferecendo um incremento de recurso para quem fizer toda cobertura vacinal”, diz Humberto Costa. Uma alternativa é retornar a vacinação completa como condicionante para o recebimento do benefício do Auxílio Brasil, que voltará a ser chamado de Bolsa Família.

Dos outros cotados, Padilha, que foi ministro de Relações Institucionais de Lula e da Saúde de Dilma, é também nome lembrado para outras pastas, incluindo o Ministério da Economia.

Integrante da CPI da Covid, Costa diz que a realização de procedimentos em várias áreas ficou afetada pela pandemia. Além disso, haveria um número significativo de pessoas que ficaram com sequelas da covid-19 e precisam ser atendidas.

O programa “Mais Médicos” será retomado, mas não deve mais contar com profissionais estrangeiros, e sim com brasileiros, inclusive realizando a revalidação do diploma de profissionais que estudaram no exterior.

Outra proposta do grupo de transição é construir uma carreira com contrato da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) para a atenção básica, bem como buscar meios de estimular médicos a trabalhar temporariamente em locais específicos, como áreas indígenas, assentamentos de reforma agrária e territórios quilombolas. “Poderia se fazer algo onde o profissional tivesse uma remuneração melhor e um prazo: vai para a aldeia indígena por um ano, depois é transferido. Esse é um mercado muito aquecido. Então é preciso pagar muito bem, ter alguns atrativos aos médicos”, afirma o senador.

Nesta quinta-feira, foi anunciada uma comissão de notáveis da área de saúde que vai colaborar com a equipe de transição. A coordenação será do cardiologista Roberto Kalil Filho, ex-diretor do Hospital das Clínicas, médico de Lula e de outros políticos.

Também compõem o grupo o oncologista Drauzio Varella e o presidente do Conselho do Hospital Albert Einstein, Claudio Lottenberg. Outro integrante é o urologista Miguel Srougi, presidente do Conselho do Instituto Criança e Vida e que foi cotado para o Ministério da Saúde na gestão de Michel Temer. Na pandemia, Srougi fez duras críticas ao governo do presidente Jair Bolsonaro (PL), que considerou uma “ameaça à saúde do Brasil”.

Outros integrantes do time de especialistas são a fisiatra Linamara Rizzo Battistella, o professor de radiologia Giovanni Guido Cerri, o professor titular de pneumologia Carlos Roberto Ribeiro de Carvalho e o professor de cirurgia cardiovascular Fábio Jatene, todos ligados à Faculdade de Medicina da USP. O professor de Nefrologia da Universidade Federal Paulista (Unifesp), José Medina Pestana, também participará.

Valor Econômico