Bia Kicis pregou golpe 11 vezes

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Foto: Billy Boss / Câmara dos Deputados

Antes de ter suas contas suspensas nas redes sociais por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), a deputada Bia Kicis (PL-DF) fez ao menos onze posts que contestavam o resultado das eleições presidenciais em que o presidente Jair Bolsonaro (PL), seu aliado, foi derrotado. O dado é de um levantamento feito pelos pesquisadores do Grupo de Pesquisa em Comunicação, Internet e Política da PUC-Rio Letícia Capone e Marcelo Alves, com exclusividade para o jornal O Globo.

No dia 23 de novembro, por exemplo, ela escreveu: “O que me interessa é a lisura do pleito. Não tenho medo de lutar pela verdade. O povo quer transparência!”. E no dia 22, recorreu ao argumento amplamente utilizado pela base do presidente sobre o bloqueio nas redes: “Estamos vivendo momentos muito difíceis que precisam ser denunciados! Hoje vivemos uma verdadeira ditadura do Judiciário!”

Desde o dia 28 de outubro, dois dias antes do segundo turno, Kicis veiculou 306 publicações no Facebook, nas quais alcançou mais de 4,7 milhões de interações. Os conteúdos pesquisados foram postados durante esse período.

Ao GLOBO, a pesquisadora Letícia Capone ressalta que esses questionamentos não datam da eleição.

— Essas contestações não são novidade. Tanto Kicis quanto Zambelli e Nikolas já tinham postagens anteriores ao primeiro turno que colocavam o processo eleitoral em xeque. Essas três figuras importantes do ecossistema do presidente Bolsonaro sempre trouxeram esse discurso — explica Capone.

Kicis foi bloqueada nas plataformas na segunda-feira. Já a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) foi suspensa dois dias após as eleições. Do dia 28 até a data da punição judicial, a parlamentar veiculou 34 publicações no Instagram. Uma das últimas foi um repost do Twitter com a mensagem para os manifestantes que bloqueavam vias federais: “Parabéns, caminhoneiros. Permaneçam, não esmoreçam”, disse.

Post da deputada Carla Zambelli (PL-SP), que foi bloqueada nas redes sociais por determinação da Justiça — Foto: Reprodução

Fora das redes, a deputada seguiu com a narrativa e é uma importante articuladora da base. Zambelli chegou a denunciar o Supremo Tribunal Federal à Comissão Interamericana de Direitos Humanos. Segundo a parlamentar, a Corte tem violado a “liberdade de expressão” no Brasil e perseguido influenciadores bolsonaristas.

No Instagram do deputado federal eleito Nikolas Ferreira (PL-MG), desde 28 de outubro, foram oito posts, seis deles referentes às manifestações antidemocráticas. Entre eles, declarações de apoio ao bloqueio de rodovias por manifestantes que questionavam o resultado das eleições e um pedido para que o STF averiguasse as denúncias, sem provas, de suposta fraude no processo eleitoral que o consultor conservador argentino Fernando Cerimedo divulgou.

Posts do deputado federal eleito Nikolas Ferreira (PL-MG), que teve seu perfil no Twitter retirado do ar — Foto: Reprodução

Até a primeira semana de dezembro, onze apoiadores de Jair Bolsonaro tiveram suas contas suspensas por postarem conteúdos que colocaram em xeque as instituições democráticas ou questionaram, sem provas, a lisura do sistema eleitoral brasileiro. Além dos citados, tiveram seus perfis retirados do ar por determinação da Justiça os deputados federais Daniel Silveira (PL-RJ), Otoni de Paula (PL-RJ), Cabo Junio Amaral (PL-MG), Major Vitor Hugo (PL-GO), José Medeiros (PL-MT) e coronel Tadeu (PL-SP), além dos deputados federais eleitos Gustavo Gayer (PL-GO) e Cabo Gilberto (PL-PB).

O Globo