Diplomação de Lula é choque de realidade

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Eduardo Gumarães

Uma das razões que tornam a física quântica impressionante reside na forma como eletróns se movimentam nas órbitas de um átomo; em nível subatômico, um elétron pode existir em mais de um lugar ao mesmo tempo — o que, entre outros fatores, deu vazão à teoria do multiverso, ou seja, de que a existência se divide em realidades paralelas e alternativas.

O Brasil vive situação análoga à Interpretação de Muitos Mundos (IMM), formulada, inicialmente, pelo físico teórico estadunidense Hugh Everett (1930 – 1982). No universo em que vivemos, Lula foi eleito presidente da República e ele governar o Brasil é tão certo quanto o alvorecer de cada dia; no “multiverso da loucura” do bolsonarismo, porém, “nada está perdido”, no que diz respeito à eleição.

Essa frase surgiu na última sexta-feira (9). Após mais de 40 dias de bico fechado, Bolsonaro conversou com apoiadores no “cercadinho” do Palácio da Alvorada. Durante um discurso ambíguo e falsário, o chefe do Executivo pediu união dos golpistas enquanto afirmava que “nada está perdido”, em relação à sua manutenção no poder.

A ambiguidade e as insinuações de Bolsonaro foram entendidas como ameaças golpistas, por óbvio. Mas, vendo o desenrolar dos acontecimentos, parece que ele e seus fanáticos estão fora da realidades DESTE universo.

As falas soltas de militares da ativa ou da reserva instalados nas três Forças ou no governo Bolsonaro não passam de insubordinação. Não que o onipresente Alto Comando das Forças Armadas seja lá tão democrático, mas não é de seu interesse confrontar a comunidade internacional e, sobretudo, os Estados Unidos, preocupados com o “trumpismo” tupiniquim, tão ruim quanto o “bolsonarismo” norte-americano. Ou pior.

Os militares sabem que muitos desses empresários golpistas estão flertando com a própria ruina, que adviria de retaliação da comunidade internacional, conforme várias potências vêm avisando que ocorrerá em caso de ruptura institucional e democrática no Brasil.

Nesta segunda-feira, a diplomação de Lula enfrenta o “canto do cisne” do golpismo bolsonarista, com seus devotos seguindo a receita do “líder supremo” da falta de espírito público, da malandragem, da mentira, da preguiça, da inveja, da maldade e da insensibilidade.

Ver Lula ultrapassar mais essa etapa sem que o golpe militar, esperado para hoje, ocorra, seguramente vai produzir um choque de realidade no bolsonarismo mais psicótico, do qual as reações são sempre imprevisíveis. Alguns vão, apenas, cair na choradeira, mas outros vão apelar à linguagem que melhor conhecem: a linguagem da violência. Cadeia neles, pois!

Redação