Governo de SP vira cabide de empregos para bolsonaristas

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Foto: Rosinei Coutinho / STF

O governador eleito de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), convidou o assessor especial da Presidência da República, o advogado José Vicente Santini, para chefe do escritório de Representação do Estado em Brasília. O cargo tem a missão de articular as relações do governo de São Paulo com o Palácio do Planalto, ministérios, Congresso e órgãos federais, além do Judiciário.

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Atualmente, um dos mais próximos auxiliares do presidente Bolsonaro e com trânsito no Judiciário, Santini ganhou os holofotes em janeiro de 2020 quando foi demitido pelo atual chefe do Palácio do Planalto por usar um avião da Força Área Brasileira (FAB). Apesar da repercussão negativa do caso, retornou ao governo em menos de um ano e aumentou seu prestígio com Bolsonaro.

Santini também é irmão do tenente da polícia militar da reserva e ex-vereador de Campinas, Nelson Santini. Sócio de empresas de segurança, o tenente atuou como chefe de segurança da campanha de Tarcísio.

No governo Bolsonaro desde o início, o assessor se aproximou dos filhos do presidente e de alguns dos principais integrantes do Executivo, entre eles Tarcísio de Freitas, então ministro da Infraestrutura, e Jorge Oliveira, ex-ministro de Bolsonaro e hoje ministro do Tribunal de Contas da União (TCU).

Em janeiro de 2020, então secretário-executivo da Casa Civil, Santini usou um voo da FAB para participar de uma reunião do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça. Depois, ele seguiu na aeronave para a Índia para acompanhar uma viagem presidencial. Na época, o então ministro Onyx Lorenzoni estava de férias, e Santini respondia como ministro da pasta.

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A viagem gerou repercussão negativa, levando o presidente Jair Bolsonaro a determinar sua demissão. Bolsonaro alegou que os ministros titulares da Economia, Paulo Guedes, e da Agricultura, Tereza Cristina, fizeram o mesmo trajeto em voo comercial e considerou a atitude de Santini “imoral”. Depois o presidente revogou o decreto que permitia que substitutos de ministros usassem aviões da FAB e criou regras mais duras para solicitar as aeronaves.

Oito meses depois, porém, Santini retornou ao governo como assessor especial do Ministério do Meio Ambiente, na gestão de Ricardo Salles. A autorização foi dada por Bolsonaro após os três processos aos quais Santini respondia pelo uso do voo da FAB terem sido encerrados por não apontarem irregularidades. O Tribunal de Contas da União (TCU) e a Comissão de Ética Pública (CEP) arquivaram o caso. Já a 4ª Vara Civil da Seção Judiciária do Distrito Federal julgou improcedente o pedido de ação popular.

Santini voltou a ganhar força e, em fevereiro de 2021, retornou ao Palácio do Planalto como secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência. Seis meses depois, em meio à reforma ministerial, ganhou o cargo de Secretário Nacional de Justiça, órgão do Ministério da Justiça. À frente da função, intensificou as relações com membros do Judiciário e passou a articular a indicação de nomes para tribunais. Também foi acusado de interferir no processo de extradição do blogueiro Allan dos Santos, apoiador de Bolsonaro. Alvo de investigação no Supremo Tribunal Federal, o blogueiro está foragido e vivendo nos Estados Unidos.

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Em julho deste ano, Santini foi escolhido por Bolsonaro como assessor especial da Presidência, substituindo o ex-ministro da Defesa Walter Braga Netto, que deixou o cargo para concorrer a vice na chapa de reeleição.

Ao longo da campanha presidencial, Santini foi um dos assessores mais próximos de Bolsonaro, acompanhando-o em viagens e em debates na televisão, por exemplo. O assessor também esteve ao lado do presidente quando ele foi ao Supremo Tribunal Federal (STF) após fazer um pronunciamento sobre o resultado das eleições 44 horas depois de ser derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas urnas.

O Globo