Governo Lula esbanjará presença feminina
Foto: Ricardo Stuckert
O Lula está desesperado procurando mulheres.
A frase pode ter um duplo sentido malicioso, mas nem de longe foi dita com essa intenção por um dos mais próximos colaboradores do presidente eleito. O fato é que depois do anúncio da primeira leva de ministros, há quase duas semanas, com cinco homens escolhidos, a cobrança por diversidade, tanto de gênero quanto de raça se agigantou — afinal, estamos na terceira década do século XXI.
Lula tem trabalhado para que ainda nesta semana possa anunciar o segundo conjunto de ministras de modo a aplacar as críticas que recebeu.
E já há um grupo de mais do que prováveis escolhidas que deve fazer frente à cobrança:
*Margareth Menezes (Cultura): seu nome já está certo, mas ainda não foi oficialmente anunciada por Lula.
*Nísia Trindade: a presidente da Fiocruz será ministra da Saúde.
*Sonia Guajarara (Povos Originários): a deputada eleita por São Paulo em outubro deve ser primeira indígena a ocupar um cargo no primeiro escalão. Há também a possibilidade de a deputada (não reeleita) Joenia Wapichana ser a escolhida.
*Esther Dweck: a economista carioca é praticamente certa como a comandante da pasta de Gestão, um dos novos ministérios a serem criados.
*Ana Moser: a ex-jogadora da seleção de vôlei é também praticamente certa como Ministra do Esporte.
*Anielle Franco: a irmã de Marielle Franco pode ser Ministra da Mulher. Ou, se Janja emplacar a amiga e ex-funcionária de Itaipu, Maria Helena Guarezi nesta pasta, Anielle poderá ir para a Igualdade Racial.
*Luciana Santos: a vice-governadora de Pernambuco é hoje o nome mais forte para ocupar o Ministério de Ciência e Tecnologia, na cota do PCdoB.
E essas não são as únicas mulheres que estão na cabeça de Lula. As duas mais célebres, Marina Silva e Simone Tebet, podem vir comandar pastas. Mas provavelmente não na leva que agora deve ser anunciada. A definição do Ministério do Meio Ambiente. no caso de Marina, ainda depende de outras conversas de Lula. E o Desenvolvimento Social, pasta inicialmente pensada para Simone, não será mais entregue a ela.
Em resumo, Lula nomeará algumas mulheres, mas nem pensar em paridade. Mesmo que esses nomes todos entrem no ministério, daria cerca oito ministras — sendo que quatro negras e uma indígena. Como o ministério do Lula terá 37 indicados, isso dá pouco mais do que 20% do total.
Um avanço pífio em relação a Dilma Rousseff, por exemplo. A ex-presidente iniciou o seu segundo mandato, em 2015, com seis ministras num total de 38 ministérios.