Haddad se reúne com Guedes
Foto: Maria Isabel Oliveira/Agência O Globo
Principal cotado para assumir o Ministério da Fazendo no próximo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o ex-ministro e ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad se reuniu pela primeira vez nesta quinta-feira com o atual ministro da Economia, Paulo Guedes. Haddad afirmou que o encontro de cerca de 1h30 foi “excelente”, “cordial” e “transparente” e que discutiram temas de interesse para o relatório que está sendo preparado por membros da equipe de transição.
— Passamos em revista vários assuntos importantes. Definimos uma agenda de trabalho a partir da semana que vem e as coisas estão transcorrendo bem — afirmou, completando: — Esse tipo de conversa é muito importante porque você garante que projetos importantes possam ter continuidade, até onde o Congresso avançou na agenda que importa para o estado brasileiro, independente de governo. Tem coisas que são políticas de Estado.
Questionado se o seu encontro com Guedes havia sido um pedido do presidente Lula, Haddad afirmou que a reunião é “natural” no processo de transição e que não foi recebido como um ministeriável. O ex-ministro disse ainda que é preciso “tomar providências” para que o grupo conclua os trabalhos e que atua como uma face política do GT.
— Eu estou no grupo de transição, tenho que tomar providências para que o grupo de transição conclua esse processo da melhor maneira possível — afirmou, completando: — É natural que, agora, nas vésperas da conclusão dos relatórios do grupo de transição a gente faça uma checagem com a equipe que está deixando o governo.
Haddad afirmou que nas próximas semanas irá fazer reuniões setoriais para conseguir um diagnóstico mais detalhado da atual situação do Ministério da Economia. Segundo o ex-ministro, ele e Guedes não trataram sobre os recentes cortes orçamentários e sobre a falta de recursos para dar continuidade a serviços públicos, mas que haverá um “esforço” para que não haja descontinuidade.
A equipe da transição afirma que detectou um “apagão” no fim do governo Bolsonaro e que há uma situação de colapso em diversos ministérios, com falta de recursos para manter serviços como o Gov.br e ConecteSUS.
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Há ainda falta de recursos para pagamento de bolsas, residentes de medicina, aposentadorias e para manter as agências do INSS.
— A partir de terça-feira, vamos fazer reuniões com mais foco nas secretarias e aí vamos poder conversar com a Secretaria do Tesouro, Secretaria da Receita e assim por diante para ver qual situação nós vamos encontrar. Mas o esforço que vamos fazer é que não haja descontinuidade em programas que são históricos para o país.
Sobre a aprovação da PEC da Transição na quarta-feira no Senado, Haddad afirmou que o maior mérito do texto é ser uma “solução política” e minimizou uma possível resistência maior à PEC na Câmara dos Deputados.
— O maior mérito dessa PEC é que a solução está sendo política. Quase todos os partidos participaram da aprovação. Por quê? Porque as pessoas estão compreendendo que o orçamento do ano que vem não pode ser menor do que o orçamento deste ano. Vai exigir providências. Reforma tributária, novo arcabouço fiscal, uma série de coisas que estão na agenda do próximo governo (Nova regra pra substituir o teto de gastos) — afirmou, completando:
— Estamos dialogando com o presidente da Câmara, lideranças partidárias, temos bons negociadores, estamos acompanhando com muito respeito à institucionalidade. Queremos recuperar uma visão mais institucional do processo político, diminuir a tensão entre os poderes.