Lira refuga sobre PEC da Transição
Foto: Cristiano Mariz/O Globo
Passado o tumulto promovido por manifestantes golpistas em Brasília no dia de sua diplomação, Luiz Inácio Lula da Silva começou nesta manhã a lidar com outra alteração política, esta com potencial para fazer um estrago ainda maior em seu governo.
Lula se reuniu nesta manhã com o presidente da Câmara, Arthur Lira, para tentar desfazer um impasse que já vem desde o domingo: Lira diz que não pode garantir que a Proposta de Emenda Constitucional da Transição vá ser votada nesta quarta-feira – prazo necessário para que os recursos extras pedidos pelo novo governo sejam incluídos no Orçamento de 2023.
No início da transição, Lira assumiu o compromisso de submeter ao plenário da Câmara o mesmo texto aprovado no Senado – que, na semana passada, concedeu autorização para o próximo governo gastar R$ 145 bilhões além do teto, pelos próximos dois anos.
Só que, em uma reunião que teve no domingo com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e um pequeno grupo de parlamentares, Lira reclamou de não ter tido acesso ao texto antes de sua tramitação e disse que não há acordo na Câmara, especialmente em relação ao prazo de dois anos. Sugeriu, ainda, que os senadores se apressaram para aprovar o que o governo queria em troca de uma cota de três ministérios que teria sido combinada com Lula.
Na conversa, Lira também disse que pretendia ver aprovada no Senado a emenda que poderia criar o cargo de senador vitalício para ex-presidentes, beneficiando Jair Bolsonaro – como informou Bernardo Mello Franco.
Os senadores saíram da conversa convencidos de que o presidente da Câmara, não está mais satisfeito apenas com o apoio de Lula à sua reeleição, e agora quer ministérios em troca da aprovação da PEC.
Foi esse o recado que passaram a Lula, e foi esse o relato que o presidente eleito fez aos aliados sobre a razão pela qual Lira está criando dificuldades para a aprovação da PEC.
Desde o final da semana passada, o presidente da Câmara vem lidando com um grupo de partidos que não fez parte da frente que apoiou Lula na campanha e não vê vantagem em dar a Lula uma licença de dois anos para gastar além do teto.
“Esse pessoal está vendo os senadores garantirem ministérios, enquanto eles não têm nada. Vão dar dois anos de folga para o governo por quê?”, diz um interlocutor do presidente da Câmara.