Lula enfrentará extrema-direita com armas dela

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Foto: Cristiano Mariz/O Globo

Em tom permanente de campanha, o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), planeja fazer lives semanais após subir a rampa do Palácio do Planalto, segundo a colunista Bela Megale, repetindo estratégia de Jair Bolsonaro. Nos últimos dias, o petista tem ressaltado o cenário de desmonte que vai herdar. Esse ponto deve estar presente em seu discurso de posse, no dia 1º de janeiro. Ataques ao atual titular do Palácio do Planalto já marcaram na segunda-feira a cerimônia de diplomação de Lula pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O presidente eleito voltou à carga nesta terça, quando chamou Bolsonaro de “fascista”.

A estratégia traçada por Lula de fazer lives semanais, prática que marcou o governo de Bolsonaro, foi confirmada pelo deputado federal André Janones (Avante-MG). Ele foi um dos principais aliados do petista na guerra digital contra o atual presidente.

— Estive com o presidente na semana passada e ele me disse que vai fazer lives, semanalmente. Disse que vai fazer valer cada live que realizamos juntos e que manterá essa comunicação direta com as pessoas — afirmou Janones.

Auxiliares de Lula avaliam, porém, que, com um perfil tão diferente do antecessor, o petista adotará um modelo bem distinto ao do atual presidente.

Nesta terça-feira, Lula voltou a criticar a contestação, sem provas, do resultado das eleições por parte de Bolsonaro. Apoiadores do presidente tem permanecido na porta de quartéis, pedindo uma intervenção militar, o que contraria a Constituição. Depois de bloquear rodovias em protesto, bolsonaristas promoveram anteontem um quebra-quebra em Brasília, quando incendiaram pelo menos cinco ônibus e dezenas de carros.

— Esse cidadão continua negando o resultado das eleições. Ele segue um rito que todos os fascistas seguem no mundo. Eles fazem parte de uma organização de extrema-direita que não existe apenas no Brasil, existe em vários outros países — afirmou ontem o presidente eleito.

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A defesa da democracia e as críticas aos métodos bolsonaristas foram ainda a tônica do discurso tanto do petista quanto do presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes na cerimônia que oficializou o resultado das eleições, anteontem.

Além da reação à oposição radical que tem enfrentado, Lula tem se antecipado quanto ao cenário que herdará de Bolsonaro. Na articulação para tentar aprovar a PEC da Transição no Congresso, por exemplo, ele tem ressaltado que a proposta é para contornar buracos no Orçamento deixados pelo atual governo e que não permitem pagar um Bolsa Família de R$ 600 nem arcar com programas como o Minha Casa Minha Vida e o Farmácia Popular.

O Globo