Lula pode pôr mulheres no Planejamento e no BNDES
Foto: EVARISTO SA / AFP
Luiz Inácio Lula da Silva reservou a semana em que será diplomado presidente para fazer um novo lote de anúncios sobre a composição de seu governo. O que mais provoca a curiosidade e até ansiedade no meio político – e principalmente no mercado financeiro – é o de Aloizio Mercadante para comandar o BNDES.
Só que, embora a escolha esteja praticamente certa e deva ser anunciada em breve, segundo três aliados muito próximos de Lula com quem falei, ainda há quem seja contra a indicação do ex-ministro de Dilma (Casa Civil, Educação e Ciência e Tecnologia).
No que diz respeito aos anúncios, que devem ocorrer após a diplomação, a prioridade de Lula é chamar a atenção para as mulheres que ele vai colocar no ministério.
Por enquanto há cotadas para oito das mais de 35 pastas que deverão ser preenchidas a partir de primeiro de janeiro, mas a pouca representatividade feminina tem sido criticada por ativistas e mesmo políticas ligadas a Lula, como Marina Silva (Rede-SP) e Simone Tebet (MDB-MS).
Fazem parte do grupo de ministeriáveis a cantora Margareth Menezes, que será confirmada na Cultura, a presidente da Fiocruz, Nisia Trindade, cotadíssima para a Saúde, e Izolda Cela, governadora do Ceará, que é a escolha provável para a educação.
A próxima a entrar na lista deve ser a candidata a ocupar o Planejamento, que pretende dar a uma mulher. Os aliados próximos do presidente dizem que Lula está entre a economista Esther Dweck e a secretária de Fazenda de Goiás, Cris Schmidt.
A primeira já foi secretária do ministério nas gestões de Nelson Barbosa e Miriam Belchior, na gestão de Dilma Rousseff. É considerada uma economista heterodoxa.
Já Cris Schmidt é do time dos liberais. Está no primeiro escalão do governador Ronaldo Caiado e é mais ligada à órbita de Pérsio Arida e do vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin.
Com essas credenciais, petistas de variadas correntes acham difícil que ela seja escolhida.
Só faria sentido na configuração em que presidente escolheria o titular da Fazenda e o vice, o do Planejamento, para que se tivesse uma espécie de equilíbrio entre liberais e heterodoxos na gestão da economia.
Para a Fazenda já está escolhido o petista Fernando Haddad. Para o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, o mais cotado até agora é Josué Alencar, presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) e filho de José Alencar, que foi vice de Lula nos dois primeiros mandatos.
A secretária de Goiás passou a ser lembrada depois que ficou claro que o próprio Arida, já cotado para o próprio Planejamento, não vai integrar o governo Lula.
Depois de lançar diversas vezes na praça o nome de Persio Arida, sem sucesso, o entorno de Lula passou a citar nas conversas Ana Carla Abrão, do mesmo grupo de economistas liberais. Mas ela, que também já foi ex-secretária da Fazenda de Goiás, afirma que não foi convidada e não pretende deixar o posto de Líder de mercado na consultoria Oliver Wyman.
Seja quem for a escolhida, pode vir a assumir um ministério esvaziado, já que a equipe de transição anunciou que discute dividir atribuições para deixar com o Planejamento apenas a função de orçamento e gestão federal, incluindo a administração de pessoal, repassando questões como governo digital e reforma de Estado para outra pasta – como a Fazenda ou o Desenvolvimento.
Nesse caso, uma economista que participa das discussões ironiza o fato de que, se confirmado o desenho, restará à mulher da equipe econômica uma pasta menor que administra os Recursos Humanos – o RH do governo. É uma referência a uma antiga e superada regra não escrita do mundo corporativo que reza que “diretoria” de mulher é o RH.