Lula usará critério de idade ao indicar chefes das Forças

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Foto: Reprodução

Considerada a pasta mais complicada para o novo governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o Ministério da Defesa contará com um aliado de absoluta confiança do futuro chefe do Executivo e com bom trânsito nas Forças Armadas.

A escolha de José Múcio Monteiro para ministro foi a solução encontrada por Lula para enfrentar, com delicadeza e habilidade política, a reação dos militares a mais um governo petista.

As dificuldades de interlocução com os militares foram expostas logo no começo dos trabalhos do governo de transição e foram reveladas pelo Correio três semanas atrás. O grupo temático da Defesa foi o único, no organograma original do gabinete provisório, que não teve nomes indicados. Lula delegou a Monteiro a tarefa de organizar diretamente a transição no segmento fardado.

O ex-presidente do TCU foi um dos defensores do critério de antiguidade para escolha dos comandantes das Forças Armadas. Ele passou as últimas duas semanas conversando com militares de alta patente para arrefecer a resistência fardada ao presidente eleito e negociar estratégias para lidar com os movimentos golpistas que mantêm acampamentos na porta de quartéis em várias cidades do país.

Deputado federal por cinco mandatos, José Múcio Monteiro é considerado um dos mais hábeis articuladores políticos de Brasília e, quando presidiu a Corte de Contas, ajudou a aprovar os projetos de interesse das Forças Armadas.

“José Múcio Monteiro é um bom nome, não é aventureiro, tem um ótimo trânsito entre os militares e conhece bem as funções das Forças Armadas por causa do trabalho que desempenhou no TCU”, disse um militar de alta patente ouvido pela reportagem.

O anúncio formal de Monteiro à frente da Defesa, hoje, virá acompanhado da divulgação dos futuros comandantes das três Forças. Para o comando do Exército irá o general Júlio César de Arruda, atual chefe do Departamento de Engenharia e Construção. De perfil moderado, ele liderou o Comando Militar do Leste (que abrange as unidades do Exército no Rio de Janeiro, em Minas Gerais e no Espírito Santo) e a Academia Militar das Agulhas Negras (Aman).

Comandantes das Forças Armadas

Comandantes das Forças Armadas

Na Marinha, deve ser nomeado o almirante de esquadra Marcos Sampaio Olsen, que, atualmente, ocupa o cargo de comandante de Operações Navais da Marinha. Ele é o segundo mais antigo da corporação, mas será nomeado porque o oficial mais velho, o almirante de esquadra Renato Rodrigues de Aguiar Freire, atual chefe do Estado-Maior da Armada, assumirá o posto de comandante do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas.

A Força Aérea Brasileira (FAB) será conduzida pelo tenente-brigadeiro do ar Marcelo Kanitz Damasceno, atual chefe do Estado-Maior da Aeronáutica. Como o Correio informou em primeira mão, há duas semanas, Damasceno mantém uma relação de muito respeito com o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin.

Em abril de 2015, quando ocupava o cargo de governador de São Paulo, o político do PSB perdeu o filho caçula, Thomaz Rodrigues Alckmin, de 31 anos, em um acidente de helicóptero na Grande São Paulo. O comandante do 4º Comar, na época, era o então major brigadeiro do ar Marcelo Kanitz Damasceno, que prestou apoio ao gestor paulista na apuração das causas do acidente. “Ele foi muito solidário com a família do governador Alckmin”, confidenciou à reportagem um colega de farda do futuro comandante da FAB. “Damasceno é um excelente nome perante a tropa e tem perfil conciliador”, atestou o militar.

Correio Braziliense