Marina Silva quer ser ministra do Meio Ambiente
Foto: Maria Isabel Oliveira/ Agência O Globo
A deputada federal eleita Marina Silva (Rede-SP) negou a aliados que possa assumir o novo cargo de autoridade climática a ser criado no governo do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva. Apesar da oposição de alas do PT, a ex-ministra, revelam pessoas próximas a ela, está focada no Ministério do Meio Ambiente, e inclusive turbinou o seu favoritismo nos últimos dias, após a senadora Simone Tebet (MDB-MS) negar interesse na pasta.
Pessoas próximas a Lula, por sua vez, argumentam que a deputada se tornaria uma ministra “indemissível”, visto que seu nome tem respaldo nacional e internacional, e uma eventual exoneração causaria desgaste à imagem do novo governo. Há, ainda, quadros importantes do PT que consideram algumas das posições de Marina “radicais” e afirmam que seu nome desagrada o agronegócio, setor do qual o presidente eleito tem buscado se aproximar. Um dos argumentos é que a parlamentar eleita da Rede defenderia que o Serviço Florestal Brasileiro fique sob o guarda-chuva do Meio Ambiente, e não da Agricultura, como é hoje.
Para tentar rifar Marina, que comandou o Meio Ambiente entre 2003 e 2008, nos dois primeiros mandatos de Lula, o PT teria inclusive, nas últimas semanas, sondado Simone Tebet para a pasta. Além de tirar Marina do páreo, a indicação da emedebista para o Meio Ambiente resolveria outro “problema” para o partido: a tiraria do Desenvolvimento Social, ministério que inclui o Bolsa Família, cobiçado pela terceira colocada na corrida presidencial e que o PT gostaria de manter.
Apesar de ter interesse no tema, Tebet negou a aliados que aceitaria um convite para integrar a pasta. Ela justifica ter se aproximado de Marina na campanha eleitoral e que, portanto, não disputaria o mesmo posto cobiçado pela deputada federal eleita. Como relevou o GLOBO, Tebet já deixou claro a aliados que só fará parte do governo se for para chefiar o ministério do Bolsa Família.
Nos bastidores, Marina Silva tem se mostrado empolgada com a possibilidade de assumir o Meio Ambiente. Mesmo com as resistências no PT, a avaliação hoje é a de que ela segue favorita para ocupar o cargo. A expectativa é que, se ela seja confirmada como titular da pasta, a ex-ministra Izabella Teixeira assuma o novo posto da autoridade climática. Ainda é preciso definir, no entanto, se o órgão ficará vinculado ao Meio Ambiente, como defende Marina, ou se responderá diretamente à Presidência, como quer Izabella.
Marina considera a nova posição uma função eminentemente técnica, e por isso não se coloca como uma opção. A criação do órgão foi uma das condições da ex-ministra para apoiar Lula na eleição.
Além de Marina e Tebet, os petistas também resistiram, de acordo com a apuração do GLOBO, à nomeação da atual governadora do Ceará, Izolda Cela (sem partido), para a Educação. Ela chegou a ser favorita para comandar o ministério, mas quem acabou escolhido foi seu conterrâneo Camilo Santana, senador eleito pelo PT. A ex-pedetista deve ficar com a secretaria de Educação Básica do ministério.