Nomeação de Josué pacifica Fiesp

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Foto: Reprodução

A eventual renúncia do empresário Josué Gomes da Silva à presidência da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) para assumir o futuro Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic) ajudaria a pacificar a crise formada entre o presidente da entidade e sindicatos da indústria. Essa é a opinião de empresários ligados à federação ouvidos pela reportagem, tanto a favor como contra o dirigente. Josué foi convidado pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para comandar o ministério. Não há, entretanto, um substituto automático para Josué na Fiesp.

Se aceitar o convite de Lula, o empresário será obrigado a renunciar à presidência da Fiesp e, conforme dispõe o regramento da instituição, indicar um dos três vice-presidentes eleitos da entidade para comandá-la.

O estatuto da Fiesp estabelece que “no caso de necessidade de renúncia do presidente”, caberá a ele escolher o seu substituto entre o 1º, 2º e 3º vice-presidentes da entidade. O nome de Rafael Cervone, 1º vice-presidente, é apontado como potencial indicado de Josué a assumir o comando da entidade, relatam fontes próximas do empresário ouvidas pelo Valor.

Interlocutores do empresário Dan Ioschpe, 2º vice-presidente, afirmam que ele não está interessado em assumir a presidência da Fiesp. Presidente do conselho de administração da Ioschpe-Maxion, uma das maiores empresas de autopeças do país, o empresário já acumula a incumbência de presidir o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).

O 3º vice, Marcelo Ometto, de tradicional família do setor de açúcar e etanol e conselheiro do grupo sucroenergético São Martinho, também não estaria disposto a assumir a gestão da maior federação das indústrias do país, conforme relatam fontes.

Eleito presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) no ano passado, o empresário Rafael Cervone comanda a entidade que tem 8 mil indústrias associadas em todo o Estado de São Paulo. Oriundo do ramo têxtil, o empresário também atuou na Fiesp na gestão de Paulo Skaf, que presidiu a federação por 17 anos consecutivos.

Caso não aceite o convite do presidente Lula para assumir o ministério, Josué terá de administrar a crise institucional da Fiesp. Fontes afirmaram ao Valor que o empresário começou a intensificar conversas com sindicatos nas últimas semanas. Ele contratou o ex-ministro Miguel Reale Jr. como assessor jurídico para representá-lo nessa discussão.

O conselho de representantes da Fiesp convocou delegados da entidade a participarem de assembleia extraordinária marcada para 21 de dezembro para “analisar as condutas” de Josué sobre “eventual quebra do dever de diligência”. Eles questionam o modo como o atual dirigente tem conduzido a Fiesp e reclamam de um suposto desinteresse do empresário por demandas consideradas prioritárias pelos sindicatos. Josué também seria pouco acessível e menos propenso a receber filiados para discutir demandas, conforme relatam as fontes.

Empresário da Coteminas, Josué Gomes venceu a eleição para presidente da Fiesp com chapa única em 5 de julho de 2021 para exercer mandato de quatro anos que teve início em 1º de janeiro de 2022.

A candidatura de Josué foi articulada por Skaf, então presidente da Fiesp. Em outubro, contudo, representantes de sindicatos iniciaram reuniões com o ex-presidente para discutir a hipótese de Josué deixar o comando da entidade.

O descontentamento dos dirigentes da Fiesp começou a ganhar corpo em agosto, quando a Fiesp divulgou uma carta aberta em defesa da democracia. Josué compareceu a ato organizado no Largo São Francisco em que o documento da Fiesp foi lido pelo ex-ministro da Justiça José Carlos Dias, no dia 11 de agosto.

Na hipótese de uma destituição, o conselheiro mais velho da Fiesp terá de convocar uma assembleia para escolher um dos três vice-presidentes da entidade. Têm direito a voto 111 dirigentes de um total de 130 sindicatos patronais que integram a Fiesp.

Valor Econômico