Presidente do PDT vê Previdência arrasada

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Foto: Pedro Ladeira-21.jan.2022/Folhapress

Provável ministro da Previdência Social do futuro governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, diz que as informações preliminares que recebeu da pasta mostram um cenário de “terra arrasada”, com filas enormes de pedidos de benefícios, falta de funcionários e poucos recursos.

Diante disso, diz que, caso seja de fato escolhido pelo petista, trabalhará para aumentar o investimento na informatização e na recomposição de quadros da pasta.

Sobre a pressão por cortes e reformas na Previdência que é constante por parte de setores do mercado, o pedetista diz considerar a última que foi promulgada por Jair Bolsonaro (PL), em 2019, uma antirreforma, e que o setor privado também precisa colaborar.

Lupi foi ministro do Trabalho entre 2007 e 2011 e, por isso, tem familiaridade com a área.

Entre aposentados, pensionistas, beneficiários do BPC (Benefício de Prestação Continuada) e afastados por questões de saúde, aproximadamente 35 milhões de brasileiros são atendidos pela Previdência Social, diz o pedetista. Segundo ele, a fila oficial de brasileiros à espera da concessão de algum tipo de benefício da Previdência soma 1,3 milhão de pessoas, mas a extraoficial supera 4 milhões.

“Se eu for nomeado, pretendo tentar diminuir drasticamente a fila e agilizar os direitos dos trabalhadores. Quem construiu o Brasil de hoje não pode ser colocado em segundo plano”, afirma Lupi ao Painel.

“Vamos precisar de recursos para atualizar todo o sistema de informação. A cada dia você tem evolução nessa parte. Temos que cada vez mais trabalhar na informatização, em um sistema integrado com Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal. Hoje qualquer cidadão consegue fazer tudo pelo telefone, por que não fazer tudo no [aplicativo] Meu INSS? Algo que otimize. Para os mais idosos, podemos pedir para que netos e filhos ajudem. Transparência e informatização são prioridades”, afirma o presidente do PDT.

O provável ministro diz que conseguir injetar mais recursos na Previdência, agilizando o atendimento e reduzindo as filas, também é um meio de aquecer a economia. Ele cita mais uma cifra: 60% dos municípios pequenos e médios são sustentados por dinheiro de aposentados e pensionistas —”o dinheiro circula”.

Para Lupi, a demanda de setores privados para enxugamento da Previdência se sustenta em uma visão equivocada de que aposentados e pensionistas são fardos econômico-financeiros.

“Na verdade, foram eles construíram o próprio Estado. Nesse discurso, nunca calculam a média dos ganhos dessas pessoas. Cerca de 70% deles recebem até três salários mínimos. Quase 50%, apenas um salário mínimo. O rendimento é muito baixo. Sabemos que eles recebem muito menos do que deveriam e mereciam. Mas não adianta falar agora que o Estado vai fazer alguma coisa e depois não ter condição de pagar”, afirma.

Lupi diz que deseja debater com setores do mercado nos quais se originam e se disseminam essas demandas reformistas a possibilidade de mudanças que possam beneficiar aposentados e pensionistas.

“O mercado tem que colaborar com isso. Por exemplo, diminuindo a taxa de juros do crédito consignado. Quero discutir essas taxas. Hoje a taxa de juros do Banco Central é de 13%, 13,5% ao ano. O consignado paga por mês mais de 2% de juros no consignado. Qual a colaboração que [esses setores do mercado] vão dar para diminuir o sofrimento dessas pessoas?”, conclui.

Folha