2 mil são retirados de camping golpista do DF

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Foto: Cristiano Mariz/O Globo

Depois de mais de dois meses acampados em frente ao quartel general do Exército em Brasília para pedir intervenção militar contra a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), cerca de 2 mil bolsonaristas radicais foram retirados pelo Exército e Polícia Militar do Distrito Federal e levados a depor na Polícia Federal. Eles foram “fichados” para posterior investigação e cerca de mil devem ser indiciados, cumprindo decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Os apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro estavam no local desde a derrota dele no segundo turno da eleição, em outubro, e de lá organizaram protestos contra o resultado e até uma tentativa de atentado com bomba no aeroporto de Brasília, com o objetivo de instalar o caos social e dar margem para que Bolsonaro ordenasse a atuação das Forças Armadas e com isso conseguisse continuar no poder. Também estavam homiziados lá os autores dos ataques ao centro de Brasília em dezembro, quando ônibus foram queimados.

Durante todo esse período o acampamento foi tolerado pelo Exército, que cuida da área, e pela polícia do Distrito Federal – subordinada ao governador Ibaneis Rocha (MDB), aliado de Bolsonaro e que agora foi afastado por Moraes. A desmobilização gerou divergência dentro do novo governo: o ministro da Defesa, José Múcio, defendeu aguardar que a desmobilização se desse naturalmente, enquanto o da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, queria o desmonte imediato.

Somente nessa segunda-feira, após os ataques que depredaram as sedes dos três Poderes o acampamento foi desmobilizado. Moraes determinou que a remoção ocorresse em 24 horas. A polícia militar se dirigiu ao local ainda na noite de domingo para cumprir a decisão, mas foi impedida por tanques e uma tropa do Exército. Uma negociação entre as duas forças adiou para a manhã de ontem a operação, quando parte dos golpistas já tinham deixado o local.

Os que permaneceram foram retirados de forma pacífica na manhã de ontem e apenas uns poucos disseram que não sairiam. Todos foram transportados em ônibus municipais para a Polícia Federal, onde prestaram depoimento sobre a organização do acampamento e os supostos crimes cometidos.

Oficiais do Exército então passaram a desmontar as barracas. Grande parte dos pertences ficou largado no local em meio a barracas de lona.

Secretário-executivo do Ministério da Justiça e interventor nomeado por Lula na segurança pública do Distrito Federal, Ricardo Cappelli disse no Twitter à tarde que o acampamento “que funcionou como QG dos atos antidemocráticos inaceitáveis” foi desativado e todas as barracas retiradas. “A área foi retomada e não será permitida a volta de ‘manifestantes’. Todos os elementos foram encaminhados para a PF. A lei será cumprida”, afirmou.

Segundo Dino, 1,5 mil pessoas foram detidas, entre os acampados e os presos em flagrante no domingo. Dino listou alguns crimes pelos quais eles podem ter cometido, como golpe de Estado, tentativa de abolição violente do estado democrático de direito, crime de dano, associação criminosa e lesões corporais.

Valor Econômico