Bolsonaristas e antipetistas agora fazem cara de paisagem

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Foto: Reprodução /O Globo

Apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na última eleição e opositores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) buscaram se distanciar dos atos golpistas deste domingo, em Brasília, que culminaram na invasão às sedes dos três Poderes e foram incentivados por parlamentares bolsonaristas, com participação de políticos do PL. Ex-ministros, como Tereza Cristina (PP-MS) e Damares Alves (Republicanos-DF), e parlamentares que se colocam na oposição ao novo governo, como os deputados federais Kim Kataguiri (União-SP) e Marcel Van Hattem (Novo-RS) e a deputada estadual Janaína Paschoal (PRTB-SP), se manifestaram em tom de condenação às cenas protagonizadas por bolsonaristas na capital federal.

O ex-vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos), senador eleito pelo Rio Grande do Sul, descreveu os atos de vandalismo em contraposição ao que classificou como “valores da direita”. “Vandalismo e depredação não se coadunam com os valores da direita, pelo contrário são práticas da ideologia que nos contrapomos. Sempre pela legalidade e por nossos princípios e valores”, escreveu Mourão.

 

Damares, ex-ministra dos Direitos Humanos no governo Bolsonaro e eleita ao Senado pelo Distrito Federal, afirmou que “invadir e depredar patrimônio público/privado jamais será a solução”. Em argumentação semelhante, a ex-ministra da Agricultura e senadora eleita pelo Mato Grosso do Sul, Tereza Cristina, pediu “equilíbrio e sensatez” e disse que “não há espaço para atos de vandalismo e desrespeito às instituições”.

“Nossa discordância com a esquerda é no campo das ideias. Nossa oposição deve ser feita de forma pacífica e por meio de instrumentos previstos na CF (Constituição Federal)”, publicou Damares em uma rede social.

O deputado federal Kim Kataguiri, que apoiou Bolsonaro no segundo turno de 2018, mas passou a se manifestar de forma contrária ao então presidente durante o mandato, afirmou que os “atos golpistas que aconteceram ontem (domingo) prejudicam toda a luta de oposição contra o PT”. Nas eleições de 2022, Kataguiri sugeriu que anularia seu voto no segundo turno entre Bolsonaro e Lula.

Kataguiri, uma das lideranças do MBL (Movimento Brasil Livre) na organização de manifestações pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff em 2015 — que envolveram cenas de confusão na Esplanada dos Ministérios –, afirmou ainda, em uma rede social, que nem todos que fazem oposição ao PT “têm esse tipo de postura”.

 

Outra apoiadora de Bolsonaro nas eleições de 2018, e que fez sinalizações de afastamento do bolsonarismo desde então, a deputada estadual Janaína Paschoal sugeriu que os atos golpistas em Brasília poderiam “legitimar o discurso de que a direita é extremista”. “Não é possível que as sedes dos mais altos poderes da República sejam invadidas com tamanha facilidade! Pelo amor de Deus, se houver mesmo direitistas nessa insanidade, recuem! Vão conseguir o contrário do que dizem procurar! Não tem nenhuma lógica nesse movimento!”, escreveu Janaína.

Parlamentares eleitos para a próxima legislatura do Congresso Nacional, que foi o primeiro dos três Poderes a ser invadido e depredado por bolsonaristas golpistas na tarde de domingo, também engrossaram o coro de críticas aos atos em Brasília, frisando seu posicionamento de oposição ao governo Lula. A deputada federal eleita Rosangela Moro (União-SP), mulher do ex-juiz e ex-ministro de Bolsonaro Sergio Moro (União-PR), afirmou que “perdeu-se a legitimidade” com as cenas de vandalismo.

“O caminho é debate sério, é construir uma oposição com fundamento na razão e na Lei para garantir avanços em nosso país. O dia de ontem (domingo) entrará como um triste capitulo nos livros de história. Precisamos registrar é que a direita não é arruaceira, algumas pessoas perderam a razão e por seus atos e excessos precisam ser responsabilizadas”, disse Rosangela.

Ex-prefeito do Rio e ex-senador, Marcelo Crivella (Republicanos), eleito deputado federal pelo Rio, afirmou que os atos “afastam investimentos do Brasil” e disse que é “mais lamentável ainda se tivermos lá cristãos”. Bispo da Igreja Universal do Reino de Deus, Crivella recorreu a cenas bíblicas para criticar as cenas de violência.

“Não é dessa maneira que nós vamos construir um Brasil melhor (…). Às vezes as pessoas pensam que ainda existe cajado para abrir o Mar Vermelho e matar afogado o faraó. Não existe mais pedra para jogar na cabeça de Golias. Nós, cristãos, precisamos entender que nas controvérsias da vida precisamos encontrar o caminho pacífico para a solução”, declarou Crivella em vídeo.

Assim como Crivella, que fez campanha colado a Bolsonaro ao tentar a reeleição à Prefeitura do Rio em 2020, outro apoiador do ex-presidente, o ex-deputado Eduardo Cunha (PTB), também condenou os atos em Brasília. Cunha, ex-presidente da Câmara e cassado em 2016, disse que “não é possível aceitar” episódios de depredação e violência.

 

Presidenciáveis que manifestaram oposição a Lula e Bolsonaro na campanha de 2022 também se manifestaram. O candidato do Novo à Presidência, Luiz Felipe D’Ávila, classificou como “ato antidemocrático” as invasões às sedes dos Poderes, e declarou em uma rede social que “a bandeira verde e amarela não pode ser usada para baderna e vandalismo”.

O deputado federal Marcel Van Hattem (RS), uma das lideranças do Novo que deu apoio explícito a Bolsonaro no segundo turno em 2022, também buscou dissociar sua atuação em oposição a Lula e com críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF) dos atos golpistas: “Seguirei sempre atuando em defesa da democracia, do Estado de Direito e das liberdades dentro da Constituição e repudiando quaisquer atos que, a pretexto de serem realizados para defender esses mesmos valores, sejam inconstitucionais ou violentos”, publicou Van Hattem em suas redes.

Guilherme Derrite (PL), deputado federal (licenciado) e secretário de Segurança Pública de São Paulo:

 

 

 

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