Com saudades de Bolsonaro, Marinho quer frear Lula
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Na disputa pela presidência do Senado, Rogério Marinho (PL-RN) defende ‘legado virtuoso’ do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). REUTERS/Adriano Machado
Rogério Marinho, candidato do PL à presidência do Senado, defende legado ‘virtuoso’ do pós-impeachment de Dilma (PT);
Ex-ministro de Bolsonaro diz que não fará ‘oposição intransigente a Lula (PT), mas defenderá os frutos da última gestão;
Congressista condena atos golpistas do dia 8 de janeiro, mas defende argumenta que episódio não sirva de “cortina de fumaça” para taxar opositores de “extremistas” e “nazistas”.
O senador Rogério Marinho (PL-RN) lançou oficialmente a candidatura dele à Presidência do Senado no último fim de semana. Ex-ministro do Desenvolvimento Regional do governo de Jair Bolsonaro (PL), ele aponta que não fará uma “oposição intransigente” ao presidente Lula (PT), mas que pretende que quer “frear a volúpia” do ex-presidente para defender o ‘legado’ da última gestão.
Entre as preocupações de Marinho, relatadas em entrevista à Revista Veja, estão uma suposta promessa de boicote feita em Davos pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), às empresas brasileiras que não votaram no PT.
Em Davos, na verdade, Haddad afirmou que “muita gente” — dentre as quais, ele próprio — já deixou de consumir produtos de empresas ligadas “ao governo extremista derrotado” ou que não tenham “responsabilidade com questões ambientais, de igualdade racial e de gênero, além de compromisso com a democracia”.
“É uma coisa inimaginável. Você fica se perguntando onde esse pessoal está com a cabeça. Tem a questão do COAF, que é retirado do Banco Central, onde era blindado, para que se tivesse um controle técnico… Então, nós estamos vivendo tempos muito esquisitos e isso tudo gera muita inquietação entre todos aqueles que tem esse sentimento de que o Brasil pode e até deve ter alternâncias democráticas, mas ele não pode jogar contra um legado virtuoso como o promovido pelo presidente Bolsonaro”, respondeu.
Entre as principais pautas a serem defendidas por ele se ocupar a presidência da Casa Alta, estão a ‘restauração da normalidade democrática’.
“Essa é a principal ação que vamos empreender. Vamos defender intransigentemente a inviolabilidade dos mandatos, a liberdade de opinião e de expressão, o direito à divergência. Nós temos uma preocupação muito grande com esses valores. Hoje, a democracia vem sendo utilizada por alguns como pretexto para atacar a própria democracia no que ela tem de mais sagrado, que é a liberdade de expressão”.
O candidato também se propõe a defender o ‘legado econômico criado após o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), em 2016.
Segundo Marinho, o atual presidente criminaliza “a principal atividade econômica do Brasil, que é o agronegócio”, além de repetir “conceitos infantis” quando fala que “a produção e o crescimento econômico se dá apenas pelo trabalho das pessoas que são remuneradas e não pelos empreendedores”.
Aliado de primeira linha de Bolsonaro, o congressista diz ter se encontrado pela última vez com o ex-mandatário um pouco antes do Natal e que conversaram por telefone antes do Ano Novo. De lá pra cá, não tiveram mais contato.
Ele aponta que ida do ex-presidente para os EUA foi uma decisão pessoal. Marinho condenou os ataques aos Três Poderes promovidos por Bolsonaristas no dia 8 de janeiro, mas defendeu que o episódio não pode “servir como cortina de fumaça para permitir que todos encaremos como normal o fato de que quem se contrapõe a esse governo seja taxado e rotulado de nazista, de terrorista e de extremista”.
Questionado se pautaria o impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) caso seja eleito presidente do Senado, o senador respondeu que essa possibilidade “deve ser o último instrumento”.
“Se isso acontecer significa que as instituições não conseguiram estabelecer o diálogo que é tão desejável no processo democrático. Nós acreditamos que não há essa necessidade. Agora, é evidente que são ações institucionais e não de um individuo. Está na hora de restabelecermos a normalidade democrática”, destacou Marinho.