Exército está em pé-de-guerra contra Lula

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Foto: Ricardo Stuckert

Em meio à mudança no comando do Exército, oficiais que despertaram desconfiança no governo pela atitude em relação aos atos antidemocráticos de 8 de janeiro estão sendo substituídos ou tendo promoções revertidas, contribuindo para um clima de insatisfação interna na tropa.

O novo comandante do Exército, general Tomás Miguel Ribeiro Paiva, espera reverter esse sentimento com a próxima leva de promoções de generais em fevereiro: devem ser abertas três vagas de generais de quatro estrelas, movimentando vários quadros na cúpula da força.

Nessa quarta-feira (25), o general Tomás Paiva passou o comando militar do Sudeste, cargo que exercia anteriormente, para o general Pedro Celso Coelho Montenegro, que assumiu o posto como interino. A solenidade de posse de Tomás Paiva está prevista para a semana que vem.

Além da sucessão definitiva no comando do Sudeste, o Alto Comando terá de definir a promoção de três generais de quatro estrelas nas vagas do general Júlio César de Arruda, demitido do comando da instituição no sábado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva; do chefe do Estado-Maior do Exército, Valério Stumpf Trindade, que deve migrar para a reserva; e de Tomás Paiva, que entrou para a reserva ao se tornar comandante.

Com essa movimentação na cúpula da força, a expectativa do entorno político de Lula é que Tomás Paiva reacomode o comandante militar do Planalto, general Gustavo Henrique Dutra de Menezes, em outro cargo, a fim de indicar para o posto um quadro que não provoque desconfiança no governo.

A avaliação de lideranças do governo é de que o general Dutra não agiu como deveria no dia das invasões aos prédios públicos, cuja segurança é de responsabilidade do Comando Militar do Planalto, em conjunto com a Polícia Militar do Distrito Federal.

Nessa quarta-feira, foram feitas mais mudanças em cargos estratégicos do Exército, como consequência dos atos violentos de 8 de janeiro. A troca no comando do Batalhão da Guarda Presidencial foi antecipada para sexta-feira: o tenente-coronel Nélio Moura Bertolino substituirá o coronel Paulo José Fernandes da Hora, que só deixaria o cargo em abril.

A substituição de Fernandes também ocorre num cenário de desconfiança do governo com o militar que é responsável pela segurança da sede do Executivo federal. O coronel Fernandes aparece num vídeo, com imagens dos atos violentos do dia 8, desautorizando um policial militar do Distrito Federal que agia para prender os bolsonaristas radicais durante a invasão do palácio.

Em entrevistas, Lula levantou suspeitas sobre a atuação da tropa palaciana, já que a porta do palácio não foi arrombada, e parece ter sido aberta para os invasores.

No mesmo contexto dos desdobramentos dos atos violentos, nessa terça-feira (24), durante a reunião do Alto Comando do Exército, foi cancelada a posse do tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, que assumiria nos próximos dias o 1º Batalhão de Ações e Comandos em Goiânia (GO). Ele foi ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, e continua sendo um dos quadros mais próximos dele.

Cid, entretanto, responde a um inquérito em tramitação no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o vazamento dos autos de uma investigação eleitoral e seu nome despontou como o operador do cartão corporativo da Presidência, em suposto esquema de desvio de recursos públicos.

Simultaneamente, prosseguem as substituições de militares de média e baixa patentes, que vêm sendo publicadas no “Diário Oficial da União” (DOU). Nessa quarta-feira foram divulgadas novas trocas no Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e na Vice-Presidência da República.

No GSI, foram dispensados 2 militares e designados outros 4 para atuarem no local. Já na Vice-Presidência, 12 pessoas foram dispensadas dos cargos, sendo 9 deles militares. O “Diário Oficial” traz ainda portarias com a designação de 9 pessoas e nomeação de outras 2 para ocupar cargos na Vice-Presidência, mas nenhum militar.

Valor Econômico