Lula acelera desbolsonarização do governo
Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress
Com foco especial em militares, o governo Lula (PT) tem usado de várias estratégias para mapear os funcionários comissionados por Jair Bolsonaro (PL) e dispensar os que são os “bolsonaristas raiz”. Segundo pessoas ligadas ao governo, não há um modus operandi específico para a “desbolsonarização”, mas dois pontos são levados em conta:
Declarações feitas publicamente; Posicionamentos em relação aos atos golpistas de 8 de janeiro. Oficialmente, porém, os petistas negam que haja perseguição e justificam ser natural a mudança de comissionados entre um governo e outro.
A necessidade de uma “triagem” tem sido tratada abertamente por Lula. O presidente tem dito que não quer criar “um palácio de petistas”, mas já deixou claro a ministros e secretários que “não pode ficar ninguém [comissionado] que seja suspeito de ser bolsonarista” no Planalto ou na Esplanada.
Nós estamos no momento de fazer uma triagem profunda. Porque a verdade é que o Palácio estava repleto de bolsonaristas, de militares e estamos vendo se a gente consegue corrigir para colocar funcionários de carreira –de preferência funcionários civis que estavam aqui e foram afastados, transferidos de departamento — para que isso se transforme num gabinete civil”Lula, em café com jornalistas, na semana passada
A estratégia fica clara a cada nova publicação do DOU (Diário Oficial da União). Na terça (17), o governo dispensou 40 militares que cuidavam do Palácio da Alvorada. Na quarta (18), mais 13 militares do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) que compunham a guarda do Planalto. De acordo com o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, as trocas deverão ser ainda mais intensificadas a partir desta segunda (23), quando os novos ministérios criados e desmembrados entram no sistema online da Presidência. “Ainda tem muita gente para sair e muita gente para entrar”, afirmou.
O governo que saiu tem pouca ou nenhuma sintonia com o governo que entrou. É um pensamento em todas as áreas muito diferente, portanto nós não poderíamos conviver com os mesmosassessores.
Não tem nenhuma novidade com isso. Ou alguém achava que íamos entrar no governo e manter os assessores?
“Rui Costa, ministro-chefe da Casa Civil Este movimento também influenciou diretamente na demissão do general Júlio César de Arruda do comando do Exército ontem (21).
Segundo o UOL apurou, o principal motivo da destituição seria falta de confiança por parte de Lula com o comandante, mas a gota d’água teria sido a designação do tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, um dos braços direitos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), para o 1º Batalhão de Ações de Comandos, em Goiânia.
Arruda teria recebido —e recusado— pedido de Lula para que a nomeação fosse retirada. Lula não tem escondido o descontentamento com o GSI, responsável pelo CMP (Comando Militar do Planalto), e com seu comandante, o general Gonçalves Dias.
Os dois são próximos desde 2003, quando o general assumiu o posto na primeira gestão petista.
Segundo a imprensa revelou, ao menos 36 homens do Batalhão da Guarda Presidencial foram dispensados, por escrito, 20 horas antes de bolsonaristas invadirem e depredarem o Palácio do Planalto.
G. Dias, como é conhecido, não foi nem chamado para a última reunião de Lula com os comandantes das Forças Armadas, na sexta.
O GSI não comenta o assunto. O UOL procurou a assessoria do Planalto, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem.
O texto será atualizado, caso haja retorno. O governo não deixa claro de que forma essa triagem é feita. Pessoas próximas relatam que formas mais explícitas de apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) são levadas em consideração.
Para isso, são consideradas declarações públicas —seja nos gabinetes ou em redes sociais— de apoio à tentativa de golpe, de questionamento de segurança das urnas eletrônicas ou de pedido de fechamento do STF (Supremo Tribunal Federal), por exemplo.
Independente se a pessoa é civil ou militar, está se fazendo troca de pessoas porque cargo comissionado é cargo de extrema confiança do seu chefe imediato. E mesmo nas áreas militares nós trocamos comandantes.
Então, é natural que haja um rodízio”Rui Costa, ministro-chefe da Casa Civil