Mais um golpista de preso ligado a Bolsonaro
Um empresário do interior de São Paulo atuou nos atos golpistas de domingo, 8, em Brasília, que resultaram na destruição dos prédios dos Três Poderes. Carlos Augusto de Andrade, conhecido como Guto Andrade, deixou a região onde concentra seus negócios, em Bebedouro, no norte de São Paulo, para seguir até Brasília e se amotinar com milhares de golpistas que invadiram as sedes dos poderes na capital federal.
Em 2018, durante a tradicional festa do Peão de Barretos, a mais tradicional do País, a família de Guto Andrade chegou a receber o então candidato à Presidência Jair Bolsonaro, em sua fazenda localizada na região.
De cima do teto do Congresso Nacional, Andrade não hesitou em exibir seu rosto durante o ato de invasão. Mais tarde, no entanto, ele apagou o vídeo de suas redes sociais.
Ele comemora a invasão do Congresso entre os demais golpistas, diz que ajudou a “expulsar” policiais e que vai adiante com o vandalismo. “Oi, gente, estamos aqui em cima, invadimos. Esses f* da p*, esses bandidos. Expulsamos um lado da tropa de choque. Vamos expulsar outro agora.”
“Estamos aqui em cima, invadimos”
Guto Andrade não é um desconhecido no mundo dos negócios em que atua. Com 45 anos, ele é membro de uma família que atua no mundo dos negócios agropecuários. Os negócios de sua família, que passam pela criação de gado e plantio de cana-de-açúcar, já incluíram, por exemplo, a venda da Usina Andrade, voltada à produção de álcool e açúcar em junho de 2007, no segundo mandato de Luiz Inácio Lula da Silva. Apenas esta usina, que foi adquirida pela empresa Guarani S/A, uma parceira da Petrobras no setor, foi avaliada em R$ 469,3 milhões.
A reportagem tentou, por dois dias, obter um posicionamento de Guto Andrade, para que se manifestasse sobre o assunto, e checar se o empresário ajudou, de alguma forma, a financiar os atos ocorridos no Distrito Federal. Mensagens foram enviadas aos seus e-mails, mas não houve nenhum retorno até a publicação deste texto. O nome de Guto Andrade passou a circular em grupos da internet que têm se mobilizado para identificar os golpistas.
Em Bebedouro, um grande número de extremistas bolsonaristas reunidos em um grupo chamado “Patriotas” se encontrava regularmente em frente à base militar do “Tiro de Guerra de Bebedouro” para, a exemplo do que se viu em quarteis generais Brasil afora, protestar pela intervenção e queda de Lula.
As investigações realizadas pela Polícia Federal e demais órgãos ligados ao governo federal já apontaram que boa parte das caravanas de ônibus que invadiram Brasília para “tomar o poder” saiu do interior de São Paulo.