Mesmo tendo ministérios, União Brasil regateia apoio a Lula

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Foto: Reprodução

Esvaziadas de correligionários do União Brasil, as posses dos ministros das Comunicações, Juscelino Filho (União Brasil-MA), e do Turismo, Daniela Carneiro (União Brasil-RJ), reacenderam as desconfianças de que o partido comandado por Luciano Bivar não fará uma entrada imediata na base aliada do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Os eventos contaram com a presença de Bivar, que já chegou a afirmar que o partido ingressará na base do petista, e de outros nomes da legenda, como a senadora eleita Dorinha Rezende (União Brasil-TO). Nos bastidores, lideranças da sigla reconhecem que a adesão deve ocorrer “a conta gotas”.

Ciente deste cenário, o time de articulação política de Lula fará a primeira reunião nesta terça-feira (3) para mapear os problemas e insatisfações na base governista. O ministro da Secretaria de Governo, Alexandre Padilha, vai se reunir com os líderes do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), na Câmara, José Guimarães (PT-CE), e no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) para traçar estratégias de ação.

Ainda segundo uma liderança da base governista, Lula vai convidar o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para uma reunião nos próximos dias. Uma das principais preocupações do presidente é o desalinhamento interno do União Brasil, partido que terá 59 deputados federais e nove senadores na próxima legislatura, vai comandar três ministérios, mas tem quase metade dos parlamentares contrários ao governo Lula.

Apesar da presença de Bivar, outros integrantes da cúpula do União, como Antônio Rueda, vice-presidente da sigla, e ACM Neto, secretário-legenda do partido, não estavam presentes nas posses dos políticos do União Brasil, assim como o líder da legenda na Câmara, Elmar Nascimento (BA), que chegou a ser sondado para o primeiro escalão, mas teve sua indicação vetada por aliados de Lula.

Segundo apurou o Valor, o veto à Elmar é determinante para que o União Brasil deixe “em banho maria” a eventual entrada da sigla na base governista. A entrada, porém, deve ocorrer assim que “a polêmica for superada”. Dorinha chegou a ser apontada como ministeriável, mas optou, segundo fontes, por declinar do convite diante das divergências dentro do partido sobre compor ou não a base governista.

A interlocutores, a senadora eleita afirmou não ter como fazer parte do governo sem a garantia do apoio da sigla ao petista. “Dentro do União, a bola está dividida. Não dava para ela entrar no ministério com essa confusão. Sem garantia de entregar votos, não dava para entrar”, disse um aliado de primeira hora de Dorinha ao Valor.

Apesar de ter declarado em mais de uma oportunidade que o União entraria na base, Bivar tem reconhecido, nos bastidores, que a situação é delicada e que é preciso esperar as polêmicas “ficarem para trás”. Só depois disso, será possível, em sua avaliação, colocar em discussão, uma eventual entrada na base aliada da gestão petista.

Deputada federal mais votada do Rio, a ministra do Turismo Daniela Carneiro abandonou o nome de urna “Daniela do Waguinho”, em referência a Wagner Carneiro, prefeito de Belford Roxo e presidente do União Brasil no Rio de Janeiro.

Ela afirmou ao Valor que pretende colaborar com Lula para consolidar pontes do Poder Executivo com o União e que também buscará ser a ponte de uma possível aproximação entre o petista e o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), que sempre foi um importante aliado do presidente Jair Bolsonaro (PL). Daniela Carneiro afirmou que a sua escolha estava mais relacionada ao apoio dado pelo prefeito de Belford Roxo a Lula durante a campanha eleitoral do que por sua filiação partidária. Em sua posse, estava a cúpula do PT do Rio e o líder do MDB, Isnaldo Bulhões (AL).

Valor Econômico