Presidiário saiu da cadeia para os atos terroristas
Foto: Arte
Preso no último domingo, em Brasília, Adailson Camelo da Silva, de 36 anos, havia deixado a cadeia horas antes de voltar a ser detido por participação nos atos terroristas que ocorreram na capital federal, com depredação do Congresso Nacional, do Supremo Tribunal Federal e do Palácio do Planalto.
Na quinta-feira anterior, Adailson foi parar atrás de grades por descumprir uma medida protetiva, prevista pela Lei Maria da Penha, ao tentar invadir a casa da ex-companheira. Ele obteve liberdade provisória na audiência de custódia, realizada no sábado, e voltou às ruas na manhã seguinte, já no dia da manifestação bolsonarista.
Uma investigação da Polícia Civil, iniciada em fevereiro de 2021, apura um caso de violência doméstica envolvendo Adailson. Ele também foi condenado a cumprir pena de prisão em regime aberto após ser flagrado conduzindo um carro sob efeito de álcool.
Adailson deixou a cadeia às 8h40 de domingo. Cerca de quatro horas depois, bolsonaristas deixaram o acampamento em frente a unidades militares e seguiram em marcha até a Praça dos Três Poderes. A invasão seguida de depredação começou por volta de 15h30 — menos de sete horas após a liberação de Adailson, portanto. Ele é morador de Luziânia, a quase 60 quilômetros da capital federal.
Além das acusações recentes, Adailson é alvo de ao menos cinco processos criminais. Entre 2009 e 2011, por exemplo, ele já havia sido alvo de quatro denúncias de violência doméstica, que acabaram arquivadas.
O nome de Adailson consta na lista de presos divulgada pela pela Secretaria de Administração Penitenciária do DF (Seap-DF). Até está quarta-feira, 736 pessoas foram relacionadas pelo governo do Distrito Federal. Segundo a Seap, 1.028 detidos já ingressaram no sistema prisional do DF.
Nos ataques às sedes dos Três Poderes, terroristas quebraram vidraças e móveis, vandalizaram obras de arte e objetos históricos, invadiram gabinetes de autoridades, rasgaram documentos e roubaram armas. Até o momento, estima-se que o prejuízo ao patrimônio público apenas na Câmara dos Deputados seja de R$ 3 milhões.