Psolista disputa presidência da Câmara com Lira
Foto: Agência O Globo
Depois de mandar no governo Bolsonaro, Arthur Lira quer dar as ordens no governo Lula. Se depender do PT, não enfrentará muita resistência. Com apoio do partido, o presidente da Câmara deve ser reeleito com folga na quarta-feira. Só falta contar os votos e tirar o champanhe do gelo.
Em 2021, Lira se elegeu em primeiro turno com o aval de 302 deputados. Agora ambiciona chegar perto dos 500 votos num colégio de 513. Até aqui, só Chico Alencar se voluntariou a enfrentá-lo. Ele admite que não tem chances, mas resolveu se lançar para marcar posição.
“É preciso livrar a Câmara de quem busca mais e mais poder para manter o Executivo como refém de seus interesses”, defende o deputado do PSOL. “Lira é um Eduardo Cunha repaginado. Quer ser uma espécie de imperador do Brasil: o rei Arthur”, provoca.
Rumo ao quinto mandato em Brasília, Chico diz que Lula pagará caro pela reeleição de Lira. “Quanto mais votos ele receber, mais poder de barganha terá. O governo terá que lidar com a chantagem permanente do Centrão”, avisa.
O PT aderiu ao presidente da Câmara em novembro, quando buscava votos para aprovar a PEC da Transição. Nesta semana, o líder Zeca Dirceu saiu em defesa do acordo. Disse que não é hora de “fazer luta política” ou tentar “sair bem na foto”.
“A luta política é necessária e própria da democracia. Lamento que o PT esteja se curvando à realpolitik dessa forma”, reage Chico. “Lira foi aliado de primeira hora do Bolsonaro. Foi fundamental para dar estabilidade a um governo criminoso.”
A uma semana da eleição, o poderoso chefão da Câmara presenteou os colegas com um pacote de bondades. Dobrou o valor do auxílio-moradia, reajustou a verba de gasolina e autorizou mais gastos com passagens aéreas. “Lira sabe que isso seduz o baixo clero. Está usando a máquina ao estilo do Bolsonaro, que tentou comprar a reeleição com dinheiro público”, critica o candidato do PSOL.
O adversário do “rei Arthur” já rascunhou o discurso que fará na tribuna. Vai defender um Legislativo “crítico, independente e propositivo, orientado pelo interesse público e poroso às demandas populares”. Ele ainda prometerá punição aos deputados eleitos que apoiaram os atos golpistas de 8 de janeiro.
“Não aceitaremos nenhuma contemporização com os que violentaram a nossa ainda frágil democracia”, dirá Chico. “Mas também depreda e saqueia o Legislativo quem o reduz a um balcão de negócios.”