São Paulo corre mesmo risco que o DF

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Foto: Marcos Corrêa/PR e MPSP

O vandalismo dos terroristas nas sedes dos Três Poderes em Brasília confirmou que os acampamentos golpistas na frente de quartéis do Exército são bombas-relógio deixadas por Jair Bolsonaro, como este blog antecipou.

A conivência de autoridades do Distrito Federal serve de alerta para semelhanças em São Paulo.

Instituições comprometidas com a democracia estão preocupadas com a proximidade do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) com o bolsonarismo, e a escolha do ex-policial militar Guilherme Ferrite [Capitão Ferrite], também identificado com o bolsonarismo, para o cargo de secretário de Segurança Pública.

O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (PMDB), é acusado de leniência e criticado por haver nomeado chefe da segurança Anderson Torres, ex-ministro da Justiça do ex-presidente Bolsonaro.

Num paralelo com o ocorrido no DF, permanece a dúvida sobre como a PM paulista agiria diante de atos violentos estimulados por bolsonaristas.

São Paulo convive com manifestações de golpistas na avenida Paulista. Houve lentidão para desmontar o bloqueio de estradas, provocado por inconformados com a eleição de Lula.

Assim como ocorreu no Distrito Federal, um grupo de bolsonaristas acampou em frente ao Comando Militar do Sudeste, no Ibirapuera.

Neste domingo, golpistas fecharam parcialmente a avenida 23 de Maio, em apoio ao vandalismo em Brasília.

“Manifestações perdem a legitimidade e a razão a partir do momento em que há violência, depredação ou cerceamento de direitos. Não admitiremos isso em São Paulo”, disse neste domingo o governador paulista.

No mesmo dia, o ouvidor das polícias de São Paulo, Claudio Silva, pediu ao governador e ao secretário de Segurança Pública para desmobilizar acampamentos bolsonaristas. Ou seja, um órgão subordinado a Derrite solicita ao secretário de Segurança Pública esvaziar atos organizados por bolsonaristas.

No último dia 3, o presidente da Academia Paulista de Direito (APD), Alfredo Attié, criticou neste blog o ministro da Defesa do governo Lula, José Múcio Monteiro, por afirmar que os acampamentos bolsonaristas em frente aos quartéis militares são “manifestação da democracia”.

“Esse pessoal não apenas deve ser coagido a sair desses acampamentos, mas tem de ser processado criminalmente”, disse Attié.

Em dezembro, um grupo de procuradores do Ministério Público de São Paulo emitiu manifestação no Órgão Especial sobre a intenção de Derritte de suprimir as câmeras usadas por policiais militares. Seria um aceno aos bolsonaristas.

O governador e o secretário aparentaram divergir sobre o uso desses equipamentos.

O programa “Olho Vivo” foi concebido pela própria PM. Um estudo da FGV, encomendado pela corporação, revelou grande diminuição da letalidade policial e da morte de policiais.

“A supressão das câmeras ou mesmo a diminuição do programa, poderá ser entendido por setor minoritário da polícia como verdadeira licença para matar”, sustentam os procuradores.

“Tal orientação, mesmo que adotada de maneira dissimulada, constituiria atividade criminosa e violadora de direitos fundamentais, e em nada melhoraria a segurança pública”, segundo os signatários.

O Órgão Especial é formado por 42 membros do MPSP. A manifestação foi apresentada por quatro membros natos (mais antigos), entre os quais dois ex-procuradores-gerais de Justiça, Luiz Antonio Guimarães Marrey e Rodrigo Cesar Rebello Pinho, o ex-corregedor Paulo Afonso Garrido de Paula e Plínio Antonio Brito Gentil. Outros 13 membros apoiaram a manifestação.

Em outubro, Marrey escreveu no blog que retirar as câmeras dos PMs seria “licença para matar”.

O atual PGJ, Mário Sarrubbo, defende o uso das câmeras.

No último dia 5, em entrevista ao “Diário da Região”, de São José do Rio Preto, o coronel PM Fábio Rogério Candido disse que a implantação das câmeras “está sendo reavaliada pelo novo comando da Segurança Pública no Estado para ver quais são os aspectos positivos e negativos”.

Tarcísio de Freitas devolveu a Candido o comando de 96 municípios da região de Rio Preto. Segundo o jornal, ele fora “defenestrado pelo PSDB”, transferido pelo então governador tucano Rodrigo Garcia para um posto de comando na capital.

O oficial é alinhado com o bolsonarismo.

Em 2022, ele foi candidato a deputado estadual pelo PL. Foi o 7º suplente da legenda. Durante a campanha eleitoral, apoiou nas redes sociais as candidaturas de Jair Bolsonaro, Tarcísio de Freitas, Marcos Pontes e Capitão Derrite.

Candido disse ao jornal local que mantém sua posição de que a população deve ter acesso às armas. “Mas, como órgão legalista que é a Polícia Militar, temos que atender à legislação que está colocada em âmbito federal”, afirmou.

Em agosto de 2021, o governador João Dória (PSDB) afastou o coronel PM Aleksander Lacerda, que convocou amigos em rede social para a manifestação de 7 de setembro em Brasília. O oficial criticou o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM), que se recusara a levar adiante o pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes.

Segundo o jornalista Marcelo Godoy, do Estadão, o ato foi interpretado como “o mais forte episódio de contaminação do bolsonarismo na PM paulista”.

Folha