Alckmin contrata assessor que denunciou ex-ministro da Educação de Bolsonaro
Foto: Adriano Machado/Reuters
Ex-chefe de gabinete do Ministério da Educação no governo Jair Bolsonaro (PL), o servidor público Djaci Vieira de Sousa foi nomeado na sexta-feira (27) para o cargo de assessor especial de Geraldo Alckmin (PSB) no Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.
Djaci ocupou a mesma função no MEC de maio de 2019 a 2 de janeiro de 2023. Ele atuou na cúpula das gestões de Abraham Weintraub, Milton Ribeiro e Victor Godoy Vieira.
A nomeação de Djaci como auxiliar de Alckmin foi publicada em Diário Oficial da União.
Em nota, a assessoria da pasta comandada pelo vice-presidente afirmou que o servidor foi escolhido por apresentar “perfil técnico e vasta bagagem profissional”. “Acumulada ao longo de quase 30 anos de sua atuação como servidor público.”
Formado em direito, ele é servidor concursado do governo federal desde 1995. Ocupou cargos de confiança no Planejamento durante as gestões petistas.
No MEC sob Bolsonaro, foi chefe de gabinete, cargo que acompanha de perto a agenda dos ministros. Ele chegou a substituir o ministro da Educação.
Djaci foi ouvido pela CGU (Controladoria-Geral da União) em 2022 sobre denúncias de irregularidades no MEC envolvendo a atuação dos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura.
O caso levou à queda de Milton Ribeiro depois de a Folha revelar áudio em que o então ministro afirmava priorizar, a pedido de Bolsonaro, pedidos de liberação de verba a prefeituras que fossem mediados pelos pastores.
Djaci disse à CGU que havia sido informado por Milton sobre a venda de um automóvel entre familiares do então ministro e o pastor Arilton.
O servidor também atuou na gestão Weintraub. O ministro foi demitido por Bolsonaro em junho de 2020 em decorrência de longo desgaste político com os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).
Em reunião ministerial em abril de 2020, por exemplo, Weintraub afirmou que, se dependesse dele, colocaria “esses vagabundos todos na cadeia, começando no STF”.
A passagem de Weintraub pelo MEC foi marcada por polêmicas e projetos parados, com derrotas do governo no Congresso, ausência de diálogo com redes de ensino e falta de liderança nos rumos das políticas da área.
Ele chegou ao ministério por indicação da ala ideológica do governo e, frequentemente, disparava insultos contra os mais variados alvos: do educador Paulo Freire (1921-1997) à China.
Em nota, o ministério comandado por Alckmin disse que o servidor vai realizar análises técnico-administrativas.
“Nesta gestão, reassume sua ocupação anterior, agora no Ministério do Desenvolvimento da Indústria, Comércio e Serviços, para, mais uma vez, realizar análises técnico-administrativas nos processos submetidos à avaliação e decisão final do ministro e vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, em subsídio das decisões e propostas que tramitarão no interesse do atual mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da sociedade brasileira.”
A pasta afirmou também que essa não é a primeira vez que Djaci irá atuar “em cargos de relevância” no governo Lula.
“Devido a sua ampla experiência, conduta exemplar e profissionalismo, ele foi convidado a participar ativamente de trabalhos e realizações nas gestões e mandatos dos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff e Michel Temer.”