Apesar do medo e ciúme de Bolsonaro, PL aposta em Michelle
Mauro Pimentel/AFP
A ex-primeira dama Michelle Bolsonaro já acertou com a direção do PL a data para começar a despachar na sede do partido, em um escritório ao lado do presidente da legenda, Valdemar Costa Neto, em Brasília.
Michelle, que comandará o setorial PL Mulher, é esperada para uma primeira reunião de trabalho na semana após o Carnaval, que neste ano se dará no dia 21 de fevereiro. Neste primeiro compromisso, é esperado que a mulher de Jair Bolsonaro escolha sua equipe e determine um calendário de trabalho.
Além de Valdemar, ela trabalhará ao lado de Walter Braga Netto, candidato a vice de Bolsonaro em 2022, e outros militares que o partido passou a empregar após a eleição presidencial.
No que depender do presidente da legenda, Michelle começará a viajar o Brasil para organizar diretórios do PL Mulher nos estados já em março. O desafio, no entanto, é tocar os planos em harmonia com Jair Bolsonaro e seus filhos.
A ideia de lançar Michelle candidata em 2026, aventada por Valdemar em entrevista ao GLOBO no fim de janeiro, gerou forte reação negativa no clã. A equipe da coluna apurou que partiu do marido a determinação para que a ex-primeira-dama declarasse no Instagram que não pretende se candidatar a cargos eletivos.
A discussão em torno da atividade política de Michelle é tão sensível que Valdemar evita, inclusive, conversar com a ex-primeira-dama. Quem costuma discutir os próximos passos dela no partido é Braga Netto.
Além de dialogar diretamente com Michelle, foi o ex-companheiro de chapa quem mediou junto a Bolsonaro sua participação surpresa no jantar do PL em apoio à candidatura de Rogério Marinho (PL-RN) à presidência do Senado no fim do mês.
A reunião ocorreu no dia seguinte à chegada da ex-primeira-dama ao Brasil após quase um mês nos Estados Unidos. Se por um lado Bolsonaro planeja permanecer indefinidamente na Flórida, o retorno de Michelle mostra que sua aposta na militância política é muito mais sólida do que ela deixa transparecer.