Bolsonaro diz que volta, mas não diz quando

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Foto: Marcos Corrêa

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou neste fim de semana, em um evento em uma igreja na Flórida, nos Estados Unidos, que pretende voltar ao Brasil “nas próximas semanas” e disse que a “missão não acabou” com o país. Ele, porém, não falou qual seria a data exata para o retorno.

O ex-presidente está nos EUA desde 30 de dezembro. No fim de janeiro, ele deu entrada em um pedido de visto de turista, o que permitiria a ficar no país legalmente por mais seis meses.

“Dizem que todos nós temos uma missão aqui na Terra. A minha missão ainda não acabou. Não interessa o que venha a acontecer comigo aqui ou no Brasil. E na forma como, por ventura, algo venha a acontecer”, afirmou Bolsonaro. O ex-presidente responde a diversos inquéritos que podem levar a sua inelegibilidade já em março, sem prejuízo de medidas penais. Ele novamente colocou em dúvida o resultado eleitoral que o derrotou em outubro, sem apresentar nenhuma evidência.

Segundo Bolsonaro, “no momento não temos uma liderança da direita nacional. Temos regional. Esse pessoal vai crescendo. Nós vamos nos fortalecer. Nós voltaremos”, disse o ex-presidente.

Na sexta-feira, em viagem aos Estados Unidos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que não acredita em um retorno de Bolsonaro à vida política, em função dos processos judiciais que responde.

O ex-presidente chamou de ‘presos políticos” os suspeitos presos pelos ataques de 8 de janeiro em Brasília, que depredaram a sede dos três poderes. “Lamentamos pelas centenas de presos políticos presos em campo de concentração no Brasil”, disse.

A afirmação é falsa. Não há campos de concentração no Brasil. Estão no Complexo Penitenciário da Papuda e na Colmeia, prisão feminina do Distrito Federal, 925 pessoas presas preventivamente. Outras 457 respondem em liberdade, sob a condição de usarem tornozeleira eletrônica e cumprirem outras medidas cautelares.

Numa palestra de quase uma hora, Bolsonaro também falou sobre a morte de emas da Presidência da República, o sumiço de moedas do espelho d’ água do Palácio da Alvorada e os gastos com o cartão corporativo.

Bolsonaro ironizou a polêmica sobre as moedas retiradas do espelho d’água. “Quais as acusações da mídia contra mim, contra minha esposa nesse momento? Roubaram as moedinhas do lago. R$ 2.200 em moedinhas. Foram entregues para uma instituição de caridade”, falou Bolsonaro. No começo do mês, foi noticiado que a limpeza do espelho d’água do Palácio da Alvorada para a retirada das moedas causou a morte das carpas que ficavam no local.

Segundo o governo Lula, o procedimento foi autorizado pela antiga gestão. A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro disse que doou as moedas.

O evento em que ele palestrou ontem foi realizado na Church of All Nations (“Igreja de Todas as Nações”, em tradução livre), da Assembleia de Deus. A palestra foi organizada pelo movimento YES Brazil USA, um grupo que se denomina como “cristãos de direita” .

Valor Econômico