Derrotados no Senado querem aderir a Lula

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Foto: Edilson Dantas/Agencia O Globo

Responsável pela articulação política, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT-SP), aposta que o placar da votação que reelegeu Rodrigo Pacheco (PSD-MG) presidente do Senado Federal não reflete o tamanho da base governista na Casa. O parlamentar mineiro obteve 49 votos, contra 32 do seu adversário na disputa, o bolsonarista Rogério Marinho (PL-RN). Para Padilha, o Palácio do Planalto conta com uma tropa superior aos 49 senadores.

O ministro petista desconversa, porém, quando questionado sobre a real extensão desse contingente. Ele afirmou apenas que manterá os canais de diálogos abertos à oposição e que, ao fim da eleição no Senado, telefonou a Rogério Marinho para dizer que o governo pretende manter uma relação de respeito com ele.

— Ninguém está preocupado em medir base, está preocupado em aprovar a reforma tributária do país, em reduzir imposto para os mais pobres, reduzir imposto para a classe média trabalhadora, simplificar impostos para os empresários, aprovar os programas sociais que já mandamos cá — diz Padilha.

O governo ainda trabalha para consolidar uma base ampla no Congresso. A principal preocupação é o Senado, que sofreu uma guinada conservadora nas últimas eleições, o que representa problemas em potencial para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Para se instaurar uma Comissão Parlamentar de Inquérito, por exemplo, são necessárias assinaturas de 27 senadores, daí a importância de se ter gordura na Casa.

O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), reitera a tese do correligionário a argumento que só se pode mensurar a base após algumas votações.

— Não tem nada a ver governabilidade e a eleição da mesa. Eleição da mesa é um voto e acabou. Não existe um voto em governabilidade. Tem senadores que votaram no cara (Rogério Marinho) e já me procuraram para conversar — afirma Wagner, sem declinar nomes, contudo.

O governo jogou pesado para garantir a reeleição de Rodrigo Pacheco, a quem declarou apoio logo no início da corrida no Senado. Vários ministros acompanharam a eleição de dentro do Plenário. Parte deles é senador, como Flávio Dino (PSB-MA), mas outros não são parlamentares. Cinco deles que ficaram até o fim da votação: Padilha, Waldez Góes (Integração Nacional), Juscelino Filho (Comunicações), Alexandre Silveira (Minas e Energia), Simone Tebet (Planejamento). Também participaram os senadores alocados na Esplanada dos Ministérios: Wellington Dias (Desenvolvimento Social), Camilo Santana (Educação) e Renan Filho (Transportes), além de Dino.

Nas 72 horas que antecederam a votação, o governo intensificou a negociação para a liberação de cargos que já estavam prometidos a aliados. Ministros ouvidos pelo O GLOBO negam, porém, que tenha se ampliado a oferta de postos na Esplanada em troca de votos favoráveis a Pacheco, mas admitem que houve pressão para acelerar nomeações já encaminhadas de segundo e terceiro escalões.

— A gente não misturou as coisas. Eu negocio as posições de governo para a governabilidade. Havia uma torcida (pela vitória de Pacheco)? Claro que havia. Não estou dizendo que não houve pedido, mas nada disso foi levado adiante. Já estava tudo negociado antes — disse Wagner após a votação.

Padilha rebateu as acusações de Rogério Marinho de que os senadores que votaram em Pacheco serão contemplados com nomeações para o governo.

— Convido o candidato derrotado a ler o Diário Oficial, vai ver que esse governo não faz a participação dedo governo Bolsonaro de guerra com o Congresso Nacional. E mais do que isso, esse governo não fez qualquer medida de interferência no processo eleitoral, seja do Senado, seja da Câmara.

O Globo