Maioria esmagadora rejeita armamentismo bolsonarista

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Carolina Antunes/PR
Foto: Carolina Antunes/PR

Nove em cada dez brasileiros consideram que o governo deve aumentar a fiscalização contra o desmatamento na Amazônia. De acordo com recorte exclusivo de pesquisa Genial/Quaest obtido pelo GLOBO, 92% da população têm essa percepção. O alto percentual indica haver insatisfação com as políticas de proteção das florestas, criticadas ao longo do último governo, do presidente Jair Bolsonaro.

Outro indicador do levantamento que aponta para o enfraquecimento do discurso bolsonarista na população é o apoio à liberação de armas. Para 75%, não deve haver facilitação para a compra ou posse desses instrumentos no país, enquanto 23% pensam o contrário. Durante o mandato de Bolsonaro na Presidência, as regras para acesso a armas de fogo e munição foram afrouxadas, o que levou o país a ter um arsenal de mais de 2,9 milhões de unidades nas mãos de brasileiros no fim do ano passado.

A maioria (54%) também discorda que exista qualquer tipo de cerceamento à liberdade de expressão de apoiadores do ex-presidente, tese que tem força até mesmo no entorno mais próximo de Bolsonaro. No geral, 39% acham que há sim restrições às manifestações desse grupo, taxa que sobe para 60% entre aqueles que declaram ter votado no ex-presidente no segundo turno das eleições de 2022.

Enquanto parte das respostas obtidas pela Quaest sugere um desencantamento pelas pautas bolsonaristas, algumas propostas defendidas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva tiveram apoio majoritário. É o caso do plano de aumentar os impostos cobrados da parcela mais rica da população, visto com simpatia por 61% e criticado por 35%. Entre os eleitores de Bolsonaro, as opiniões se dividem: 48% concordam com a ideia, enquanto 49% a rechaçam.

Lula, por outro lado, também recebeu reações negativas por parte dos entrevistados pela Quaest a estratégias adotadas neste início de governo. Para 64%, políticos não deveriam ocupar cargos em diretorias e conselhos de empresas estatais, o que confronta a escolha do petista pelo ex-senador Jean Paul Prates (PT-RN) para presidir a Petrobras. Mesmo entre quem diz ter votado em Lula no ano passado, a maioria (60%) afirma rechaçar a entrega de cargos em estatais para políticos.

A transferência da gestão de empresas públicas para a iniciativa privada divide opiniões no Brasil, conforme mostram os dados captados pela Quaest. Praticamente metade (47%) se diz favorável à privatização de empresas de tratamento de água e saneamento básico, contra 44% que afirmam ser avessos à ideia. Considerando a margem de erro de 2,2 pontos percentuais, os grupos são estatisticamente equivalentes.

Em relação à privatização de empresas de energia, 43% se dizem favoráveis e 47%, contrários. De novo, há empate técnico entre os dois grupos.

Lula se posiciona contrário à privatização de empresas que atuam em áreas consideradas estratégicas pelo governo. Em despacho assinado no dia de sua posse na Presidência, o petista revogou o processo que pretendia entregar oito empresas à iniciativa privada, dentre elas a Petrobras e os Correios.

Contratada pelo banco Genial, a Quaest entrevistou presencialmente 2.016 pessoas maiores de 16 anos, entre 10 e 13 de fevereiro, em 120 municípios. A margem de erro é estimada em 2,2 pontos percentuais para mais ou menos, para um intervalo de confiança de 95%.

O Globo