PP, União e Avante devem se fundir

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Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

Após um hiato nas negociações, o União Brasil retomou nas últimas semanas as articulações para tirar do papel uma federação com o PP. O Avante também entrou no radar e deve compor o casamento dos partidos pelos próximos quatro anos. O objetivo do grupo é ter maiores chances de conseguir melhores espaços no governo e no Congresso, fortalecer-se politicamente e se tornar mais competitivo para as eleições municipais de 2024.

As reuniões entre lideranças das legendas intensificaram-se nos últimos dias. Fontes da cúpula do União dizem acreditar que o martelo sobre a federação pode ser batido ainda nesta semana. Nomes do PP são mais cautelosos e, apesar de reconhecerem o avanço nas conversas, preferem não opinar sobre um calendário para a formalização da união das siglas.

Esse prazo pode se prolongar por causa de divergências entre elas em alguns Estados.

Nos bastidores, o presidente nacional do União Brasil, Luciano Bivar (PE), o vice-presidente nacional do partido, Antonio Rueda, e o líder da legenda na Câmara, Elmar Nascimento (BA), defendem que o processo seja concluído rapidamente.

Do lado do PP, o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), reconduzido ao principal cargo da Mesa Diretora com votação recorde na semana passada, também é entusiasta da iniciativa.

O eventual casamento entre os partidos pode resolver um possível impasse que o União Brasil enfrentaria para assumir a relatoria da Comissão Mista do Orçamento (CMO) do Congresso Nacional.

Antes mesmo de Lira ser reeleito, o PL sinalizou que brigaria pela relatoria do colegiado por contar com a maior bancada partidária da Câmara, com 99 deputados. Esse cenário, porém, mudaria caso União Brasil, PP e Avante se unissem, já que passariam a contar com 114 deputados.

Em caráter reservado, um integrante do União Brasil afirma que o argumento do PL “já não seria válido”, em função de um acordo entre a sigla de Bivar e o presidente da Câmara. Primeira legenda a ingressar no bloco único que deu suporte à recondução de Lira, o União exigiu como única contrapartida para o apoio ter a preferência para escolher a relatoria da CMO no primeiro ano do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“A relatoria já seria nossa por causa do acordo com Lira. A única coisa que a federação contribui na questão da CMO é que enterra o argumento do PL de ser a maior bancada da Casa”, pontuou uma liderança do União Brasil.

A expectativa é que a disputa pelo posto ainda se prolongue por quase dois meses e que o impasse seja superado apenas entre a segunda quinzena de março e a primeira de abril.

Se o movimento se confirmar, Elmar deve ser o líder da federação na Câmara.

Os defensores da união entre as três siglas também sustentam que a iniciativa as fortalece politicamente e as empodera para barganhar novos espaços no governo Lula. A avaliação é que elas seriam ainda mais cortejadas pelos membros do Poder Executivo para compor a base aliada.

Diferentemente de PP e Avante, o União Brasil conta com três ministérios – Comunicações, Turismo e Integração Nacional. Apesar disso, posiciona-se como independente. Novos espaços no segundo escalão poderiam obrigar o partido de Bivar a aderir oficialmente a base, avaliam aliados de Lula.

A federação entre as três siglas também tem um objetivo que mira o longo prazo. A leitura é que, ao se unirem, os partidos podem se tornar competitivos para fazer frente ao PL no campo da centro-direita nas eleições municipais de 2024.

O desempenho do PL nas urnas garantirá um expressivo fundo para financiar as campanhas eleitorais da próxima disputa. Juntos, União Brasil, PP e Avante podem se aproximar desse montante e lutar “de igual para igual” com a legenda de Valdemar Costa Neto para se tornarem as principais forças da centro-direita do país.

Valor Econômico