PT, PSB e PSD se unem contra União e MDB

Destaque, Todos os posts, Últimas notícias

Foto: O Globo

A base aliada ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva está dividida na montagem dos blocos partidários do Senado. O PSD, maior partido, resolveu fechar um bloco com PT e PSB, quebrando um acordo que previa se juntar a MDB e União Brasil.

O fato gerou troca de acusações entre os aliados, mas não deve afetar o objetivo principal: a força-tarefa para isolar a oposição, liderada pelo PL, e evitar que o partido do ex-presidente Jair Bolsonaro tenha chance de comandar comissões importantes no Senado.

Apesar de o PL ser a segunda maior bancada da Casa, com 12 integrantes – atrás apenas do PSD, com 15 -, os governistas querem deixar o partido longe de comissões estratégicas, nas quais poderia causar danos ao governo Lula. São os casos da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que avalia aspectos legais de praticamente todos os projetos importantes e sabatina indicados a tribunais superiores; a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), que trata das questões econômicas dos projetos e sabatina de indicados ao Tribunal de Contas da União (TCU) e ao Banco Central; e a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), que analisa indicações a embaixadas, organismos internacionais e trata de assuntos ligados às relações diplomáticas.

A costura de aliados é para que o União Brasil indique a presidência da CCJ, com a recondução de Davi Alcolumbre (AP); o PSD, a CAE, com Vanderlan Cardoso (GO); e o MDB comande a CRE, com Renan Calheiros (AL). “Houve esse desentendimento na formação dos blocos, mas atuaremos juntos para que as comissões possam encaminhar as medidas estratégicas ao governo”, afirmou Renan.

Ex-presidente do Senado por quatro vezes, Renan diz que cabe aos blocos indicar os integrantes das comissões. A CCJ, por exemplo, tem 27 cadeiras. A divisão do comando de cada colegiado, contudo, tradicionalmente é feita pelo tamanho dos partidos. Mas é possível que haja mais de um partido pleiteando o comando de uma comissão. Por isso, os governistas precisam se unir para evitar que a oposição abocanhe vagas em disputa.

O PT, partido do presidente Lula, deve pleitear duas comissões de pouca importância prática, de Assuntos Sociais (CAS) e Direitos Humanos (CDH). Mas novamente, trata-se de uma questão estratégica, de ocupar esses postos para evitar que eles caiam nas mãos de bolsonaristas como os senadores Magno Malta (PL-ES) e Damares Alves (Republicanos-DF).

O maior bloco, denominado “Democracia”, será composto por MDB, União Brasil, Podemos, PDT, PSDB e Rede, somando 31 senadores. O segundo é o “Resistência Democrática” (PSD, PT e PSB), com 28 parlamentares.

Temendo ficar isolado, o PL se uniu a PP e Republicanos para formar um bloco da oposição com 22 parlamentares. O líder será o senador Wellington Fagundes (PL-MT).

De acordo com o senador Carlos Portinho (PL-RJ), que será o líder da oposição, a ideia inicial era trazer também o PSDB para o bloco de oposição. “Essa conversa estava acontecendo desde antes. Mal ou bem é o mesmo grupo. A gente esperava trazer o PSDB junto, mas eles foram com o bloco maior”, lamentou.

Na Câmara, as negociações sobre a distribuição das comissões permanentes ainda estão em fase embrionária e devem se estender por mais algumas semanas. Principal colegiado da Casa, a CCJ é a única que já tem endereço certo: o PT ficará com a principal cadeira no primeiro ano do governo.

A relatoria da Comissão Mista do Orçamento (CMO) do Congresso Nacional deve ser disputada por União Brasil e PL até meados de abril. Apesar de o PL argumentar que deve ficar com o posto por ter a maior bancada da Câmara, com 99 deputados, a legenda de Luciano Bivar (União Brasil-PE) alega que a única contrapartida para ter sido a primeira sigla a aderir ao bloco de apoio à recondução de Arthur Lira (PP-AL) ao comando da Câmara foi que o partido tivesse preferência para escolher a relatoria da CMO em 2023.

Valor Econômico