Testemunhas pensaram que era um tsunami

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Foto: Reprodução

“Eu moro no litoral há 12 anos e nunca vi uma chuva dessa. Foi tenebroso, choveu demais. Parecia um tsunami”. Foi dessa maneira que o fotógrafo profissional Aleko Stergiou, que trabalha com surfe há mais de duas décadas, descreveu ao UOL o temporal que castigou a região de São Sebastião no último fim de semana.

A chuva começou na noite do sábado. Era aguardada uma grande tempestade durante o dia, mas a chuva foi se acumulando. Por volta de 22h, começou a chover. Todo mundo foi pego de surpresa porque a chuva ganhou muita intensidade das 23h em diante. Eu estava em casa e acordei às 3h com a minha esposa assustada. Quando abri minha janela, a área térrea já estava totalmente alagada” Aleko Stergiou

Ele, que reside no 1° andar de um apartamento em Boiçucanga — uma das mais famosas praias da cidade paulista —, perdeu seu carro para a água. Aleko disse que, apesar do dano material, “não está se importando com isso agora”, já que há mortos, desaparecidos, desalojados e desabrigados na região.

O fotógrafo afirmou que as vítimas fazem parte de uma “tragédia anunciada”. “É muito triste ver o abandono que o litoral está com esse crescimento desordenado. Há dez anos, tivemos uma enchente no litoral que deu grande prejuízo, e nesses últimos 10 anos não houve um grande investimento em infraestrutura ou um plano B para precaver problemas do tipo. É triste ver os governantes pedindo voto para depois não cumprirem o papel deles.”

Nascido no bairro da Mooca, Aleko virou um dos porta-vozes do Mooca Solidária, instituição que está arrecadando doações da capital paulista para moradores que precisam de ajuda com água e alimentos no litoral. Amigos do paulista ligados ao surfe também estão ativos na causa.

 

Aleko revelou que, por enquanto, não há surfistas profissionais com maiores problemas na região — muito porque, nos últimos dias, o mar estava de ressaca e não recebeu competições.

Ele destacou, no entanto, a importância de astros do esporte usarem suas redes sociais para engajarem seguidores em busca de ajuda — o tricampeão mundial Gabriel Medina, que foi um deles, vive em São Sebastião.

O apoio dos surfistas é primordial. Eles têm muitos seguidores, conhecem muita gente que pode ajudar. O Gabriel mesmo é da nossa terra, sempre está ajudando muita gente e dessa vez, com certeza, vai trazer mais engajamento para a gente ter ajuda” Aleko Stergiou

São Sebastião, cidade de Gabriel Medina, foi a cidade mais atingida pelos temporais no litoral - Divulgação/Prefeitura de São Sebastião - Divulgação/Prefeitura de São Sebastião

Por fim, o fotógrafo fez um alerta para o desabastecimento que começou na região desde ontem. Ele e sua esposa, por exemplo, já sofrem com a falta de água.

Aleko alegou que o problema está agravado justamente pelo feriado de Carnaval, que levou turistas ao litoral e aumentou a demanda por produtos.

A gente está com problema com a água, vai e volta. Estamos sem por aqui aqui e tem muita gente usando a água por causa da lama que está espalhada por todo o bairro. O desabastecimento, com certeza, já está acontecendo, e os mercados estão com prateleiras vazias. Está faltando água potável e o acesso está muito difícil. Os próximos dias serão muito duros” Aleko Stergiou

Uol