A farra de privataria de Bolsonaro na Petrobras

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Foto: Ueslei Marcelino-17.jun.2022/Reuters

A Petrobras negociou 70 de seus ativos nos últimos oito anos e alcançou a marca de R$ 281 bilhões arrecadados com eles. Desse número, 54 ativos foram vendidos nos quatro anos do governo de Jair Bolsonaro (PL), somando R$ 175 bilhões, o equivalente a 62,28% do valor total.

O montante é 40% maior do que a soma dos ativos negociados durante os mandatos de Michel Temer (MDB, R$ 77 bilhões) e Dilma Rousseff (PT, R$ 28,7 bilhões).

Na quarta-feira (1º), Ministério de Minas e Energia solicitou à Petrobras a suspensão das alienações de ativos por 90 dias, em razão da reavaliação da Política Energética Nacional atualmente em curso.

Os dados são de levantamento realizado pelo Observatório Social do Petróleo, que é ligado à FNP (Federação Nacional dos Petroleiros), e se referem ao período de janeiro de 2015, quando foi implementado o plano de desinvestimento da estatal, até 31 de dezembro de 2022.

O levantamento se baseia no Relatório Petrobras Desempenho Financeiro 4º Trimestre de 2022, divulgado na quarta-feira (1º), e inclui venda de ativos e ações, com atualização dos números conforme a variação da taxa de câmbio para a conversão da moeda e a inflação do período.

A pesquisa mostra que o primeiro ano do governo Bolsonaro, em 2019, registrou R$ 70 bilhões em venda de ativos da Petrobras, a maior soma obtida no período. A cifra representa 25% do acumulado nos últimos oito anos.

A maior fatia desse valor foi proveniente da venda da TAG (Transportadora Associada de Gás), rede de gasodutos do Norte e Nordeste, subsidiária da Petrobras, por mais de R$ 42 bilhões —o ativo mais caro desse período analisado.

“O Ministério de Minas e Energia solicitou a suspensão das alienações de ativos da Petrobras por 90 dias. A reavaliação da Política Energética Nacional em curso no governo atual deve, corretamente, rever a política de desinvestimento e toda sanha privatizadora dos últimos governos”, diz Tiago Silveira, economista do Observatório Social do Petróleo e do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos e Sociais (Ibeps).

Na quarta-feira (1º), a Petrobras fechou 2022 com o maior lucro anual da história das empresas brasileiras: R$ 188,3 bilhões, alta de 76,6% em relação ao resultado de 2021, que havia sido o maior já anunciado pela estatal.

Com o lucro recorde, a empresa teria que distribuir mais R$ 35,8 bilhões em dividendos, mas a nova gestão propôs a retenção de R$ 6,5 bilhões em uma reserva estatutária, que será avaliada pelos acionistas em assembleia.

Folha