Bolsonarista que ameaçou Lula esteve com Bolsonaro

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Foto: Reprodução

A deputada federal Júlia Zanatta (PL-SC), que publicou uma foto em que segura uma metralhadora e veste camisa com ilustração de uma mão com quatro dedos alvejada por três tiros, também esteve na Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC), no começo deste mês de março, com o ex-presidente Jair Bolsonaro. O evento, nos Estados Unidos, promove o encontro e a troca de experiências entre lideranças conservadoras de direita ao redor do mundo. Ela esteve na conferência a convite do companheiro de partido Eduardo Bolsonaro, quem ela considera um amigo.

Júlia compartilhou alguns vídeos do momento em que o ex-presidente Bolsonaro subiu ao palco da CPAC para discursar. “Bolsonaro, o Brasil sente a sua falta”, escreveu a deputada em um deles. Em outro, ela disse que Bolsonaro “está mais forte do que nunca”. Em sua fala, Bolsonaro lamentou o decreto antiarmas de Lula e afirmou que “um povo armado jamais será escravizado”.

Em suas redes sociais, Júlia comentou a fala do ex-presidente e disse que está trabalhando na Câmara Federal para revogar o decreto do petista. Durante a sua campanha, no ano passado, ela prometeu defender a política armamentista na Câmara.

— Estamos buscando as assinaturas para aprovar o Requerimento de Urgência de votação do PDL [Projeto de Decreto Legislativo] 03/2023, que revoga o Decreto ilegal de Lula. A luta do presidente Bolsonaro continua firme. Não abandonaremos nossos princípios e nem vamos desistir — disse a deputada.

Eleita com mais de 110 mil votos no ano passado, a sexta maior votação de Santa Catarina, Júlia tomou posse, no dia 1º de fevereiro deste ano, com um adesivo com dizeres de oposição ao governo Lula. Além dela, os parlamentares Nikolas Ferreira (SP), Eduardo Bolsonaro (SP), Gilvan da Federal (ES) e Gustavo Gayer (GO) também apareceram com as frases “fora Lula” e “fora ladrão” escritas em material colado em seus ternos. “Prioridades: Fora Lula”, escreveu Júlia em uma rede social ao compartilhar um clique do momento.

As “principais bandeiras” a serem defendidas por Júlia na Câmara dos Deputados, segundo o seu site oficial, são:

“Defesa do Armamento civil, da segurança jurídica para que as nossas forças policiais atuem firmemente contra a bandidagem, mais liberdade econômica, menos impostos para as nossas famílias, escolas sem ideologias para nossos jovens, defesa da vida, defesa do nosso agronegócio e uma atuação política sempre pensando em melhorar e facilitar a vida do cidadão brasileiro que produz e que trabalha”.

Após ser eleita deputada federal, no ano passado, Júlia relatou ter sido ameaçada nas redes sociais. Segundo ela, uma mulher a ameaçou no Twitter e disse que, caso a encontrasse na rua, a agrediria com socos. A Polícia Civil de Santa Catarina investiga o caso e a internauta já foi identificada.

Ao GLOBO, Zanatta relatou que, após as eleições, passou a ser alvo de críticas por parte de opositores ao seu mandato. No entanto, uma mulher que mora na mesma cidade que ela — Criciúma, no sul catarinense — teria ultrapassado o limite da violência.

— Foi uma incitação e é preciso denunciar porque não sabemos qual fim pode levar. Foi dessa forma que Jair Bolsonaro levou uma facada: uma hora saiu da rede social e foi para a vida real. Eu tenho uma filha de três anos e essa moça mora na mesma cidade que eu, não tem como não sentir medo — afirmou a parlamentar eleita.

A deputada prestou depoimento no começo de dezembro e a autora também foi intimada a prestar esclarecimentos. De acordo com a bolsonarista, esta não é a primeira vez que é alvo de violência. Em 2020, quando concorreu à prefeitura da cidade, ameaçaram, também pelas redes sociais, a atear fogo nela. À época, o registro de ocorrência foi arquivado sob a justificativa de que as mensagens se tratavam de liberdade de expressão.

A presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), Gleisi Hoffmann, afirmou neste domingo que estuda medidas contra a deputada federal Julia Zanatta (PL-SC), que publicou uma foto em suas redes sociais segurando uma arma e vestindo uma blusa fazendo referência ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Gleisi chamou ainda a postagem de “ato criminoso”.

Em post nas redes sociais, a petista afirmou ainda que a publicação de Zanatta foi um “comportamento nazista” e uma ” apologia à violência contra Lula”.

“Comportamento nazista da deputada de SC, de apologia à violência contra @LulaOficial. Quem não pode baixar a guarda é a sociedade brasileira – e nossas instituições – com quem insiste incitar a violência e semear o ódio. Estamos estudando medidas contra esse ato criminoso”, escreveu a presidente do PT.

A deputada de Santa Catarina, apoiadora do ex-presidente Jair Bolsonaro, comentou o post de Gleisi e chamou a fala da petista sobre o Nazismo de “quebra de decoro”.

“A senhora está chamando uma colega deputada de nazista? Vamos ver quem vai para o conselho de ética agora. Isso sim é quebra de decoro. Sugiro que a senhora vá trabalhar pelo povo brasileiro e pare de tentar censurar os teus colegas”, rebateu Zanatta.

O deputado federal Alencar Santana (PT-SP) também se manifestou sobre a postagem da bolsonarisra. Em seu Twitter, o parlamentar prometeu entrar com uma representação criminal contra Zanatta.

“O que a deputada bolsonarista @apropriajulia faz nessa imagem é incitação à violência contra o presidente Lula e por isso vou protocolar representação criminal contra ela. Além disso, resta saber se ela tem porte de arma de grosso calibre para se exibir com um fuzil”, postou.

A parlamentar afirmou ainda em vídeo nas redes sociais que após a postagem de Santana, começou a sofrer ameaças.

— Depois disso, recebi várias mensagens nas minhas redes sociais de ameaça. Me chamando de tudo que vocês podem imaginar, desejando bala perdida em alguém da minha família. (…) Não vão me calar, não vão tolher a minha liberdade e nem me ameaçar. Porque parece que agora a regra para os petistas é cassação de mandato de quem não concorda com eles — falou Zanatta.

O Globo