Bolsonaristas tentam impedir Flávio Dino de falar
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A ida do ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara dos Deputados, nesta terça-feira (28/3), gerou bate-boca entre os deputados parlamentares bolsonaristas e membros da base do governo. O desentendimento começou durante a primeira parte do depoimento na audiência, quando o chefe da Justiça respondia a sua visita à comunidade da Maré, na Zona Norte do Rio de Janeiro.
Os deputados bolsonaristas voltaram a disseminar fake news ao dizerem que Dino teria feito um acordo com traficantes do local para visitar o complexo. Na verdade, o ministro havia avisado previamente às autoridades de segurança sobre o encontro com lideranças da comunidade e refutou. “Eu tenho família, não posso permitir isto, seria aceitar mentiras”, destacou.
Dino disse ainda ser “esdrúxulo” criminalizar não só sua visita, mas também as pessoas que moram na região, “como se todos fossem criminosos e não são, é um preconceito”. Ele afirmou que irá aceitar novos convites para visitar outras comunidades e defendeu novamente os moradores. “Criminalizar os mais pobres é estimular a violência contra eles, a violência, a morte, o tiroteio. Não me parece adequado a agentes públicos”, reiterou.
Diversas interrupções
Neste momento, o deputado Carlos Jordy (PL-RJ) interrompeu o ministro e começou a gritar no plenário da comissão. Ele disse que seria impossível entrar na Maré sem autorização dos traficantes. No local, a deputada Carolina de Toni (PL-SC) também se exaltou, fazendo diversas interrupções e acusando Dino de saber previamente dos atos terroristas de 8 de janeiro.
O presidente da CCJ, Rui Falcão (PT-SP), precisou interromper a fala de Dino e ordenar o desligamento dos microfones dos deputados bolsonaristas. Eles foram advertidos para que a ordem na audiência pudesse ser restaurada. O parlamentar ressaltou que iria cumprir o regimento, que determinava cinco minutos para cada parlamentar fazer o questionamento; e 15 minutos para o ministro pudesse responder às questões levantadas.
Flávio Dino chegou à Câmara dos Deputados às 14h para participar da Comissão de Constituição e Justiça e explicar quais ações o Ministério da Justiça adotou para evitar os atos terroristas de 8 de janeiro, que resultaram na destruição dos prédios dos Três Poderes. Ele foi acompanhado pelo diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues.
O ministro é o primeiro integrante do primeiro escalão do governo a prestar contas ao Congresso nessa legislatura. Ele também foi questionado sobre a visita que fez ao Complexo da Maré, no último dia 13, e as prioridades e diretrizes da pasta para o resto do ano.