Bolsonaro apoiará Ricardo Salles para prefeito de SP

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Foto: Reprodução

Bolsonaristas paulistas, capitaneados pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), começam a se articular para garantir um nome do grupo para disputar a Prefeitura de São Paulo em 2024. Ele se dedicou a um “giro” na capital paulista nos últimos dias para articular a empreitada.

A ideia é alimentar a candidatura do ex-ministro do Meio Ambiente e hoje deputado federal Ricardo Salles (PL-SP), mas o martelo só será batido no ano que vem, a depender da viabilidade do projeto. Se Sales estiver bem cotado, seguirá como candidato.

Salles recebeu em sua casa, na última sexta-feira, Eduardo e outros aliados como os deputados federais Mario Frias, Luiz Philippe Bragança e Paulo Bilynsky, e os deputados estaduais Gil Diniz, Lucas Bove e Conte Lopes, todos do PL, para fechar questão sobre o assunto.

A estratégia teve aval até do ex-presidente Jair Bolsonaro, que participou por videoconferência da conversa. Ele incentivou Salles a nutrir a candidatura até o ano que vem e, caso o projeto não se viabilize, o grupo vai apresentar outro nome.

Além do lançamento de Salles à Prefeitura, o encontrou sacramentou outras duas decisões: os bolsonaristas não vão apoiar a candidatura do prefeito Ricardo Nunes (MDB) nem indicar seu vice.

O grupo diz ter apoio da ala do PL ligada a Valdemar Costa Neto e o novo presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, André do Prado (PL). Salles, no entanto, deve enfrentar resistência do diretório municipal da sigla, presidida pelo vereador Isac Félix, que quer participar do arco de alianças de Nunes.

O próprio Nunes tem dito a interlocutores que o apoio do PL já está garantido e que nenhum nome do grupo de Salles será seu vice. Ele tem recebido sugestões de partidos aliados. O Republicanos, por exemplo, quer indicar a deputada federal Maria Rosas ao posto.

Para Nunes, a presença de Salles de um lado e Guilherme Boulos (PSOL) do outro é benéfica para sua imagem, que conseguiria mostrar para os eleitores que é um nome “moderado” diante dos “radicais” da direita e da esquerda.

Na segunda-feira, Eduardo e Salles estiveram no Palácio dos Bandeirantes para tratar do assunto com o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) — em uma reunião fora da agenda.

O grupo entende que o governador não teria problemas em apoiar Nunes, e que precisa ter uma relação cordial com o prefeito para lidar com questões municipais.

Aliados de Nunes avaliam que o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) deve chegar com força para o pleito municipal e se garantir ao menos no segundo turno.

O assunto foi tratado em um jantar no fim de fevereiro, idealizado por Nunes e organizado pelo presidente nacional do MDB, Baleia Rossi. Estiveram presentes Valdemar da Costa Neto (PL), Gilberto Kassab (PSD), Ciro Nogueira (PP), Milton Leite (União), Paulo Serra (PSDB) e Renata Abreu (Podemos). Os partidos representados no evento planejam formar a coligação de Nunes no ano que vem.

O grupo se articula para turbinar a comunicação em relação às ações do prefeito, para que ele chegue em seu ano final de mandato mais popular. Nunes é desconhecido pela população e, embora desfrute de um acúmulo de caixa nunca antes visto na história da cidade, de R$ 26 bilhões, carece de uma marca para chamar de sua no próximo pleito.

— Se o Boulos ganhar, acho que o país pode passar por um processo de radicalização muito grande, e o governo Lula vai achar que a população dá aval a um projeto de extrema-esquerda — afirmou o senador Ciro Nogueira, presidente nacional do PP e um dos presentes no jantar.

A eleição de 2022 deixou esperanças para a esquerda. Luiz Inácio Lula da Silva (PT) venceu o então presidente Jair Bolsonaro (PL) na capital paulista com 47,5% dos votos, contra 38% do rival. O petista contou sobretudo com votos do centro e de bairros mais periféricos.

O Globo