Bolsonaro pode ter ressuscitado a poliomielite no Brasil

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Nísia Trindade é uma das promotoras internacionais da política de combate à pólio (Fernando Frazão/Agência Brasil)

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, alertou para o perigo de que o Brasil volte a registrar casos de poliomielite após 33 anos sem novos contágios. “É real o risco do retorno dessa doença altamente contagiosa, como aconteceu recentemente com o sarampo, diante da queda preocupante das taxas vacinais nos últimos seis anos”, disse ela à VEJA nesta terça-feira, 28.

Desde 2016, a cobertura vacinal contra a poliomielite (também conhecida como paralisia infantil) recuou de 84% para 72% em todo o território nacional — a meta do governo é retornar ao índice de 95%, recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para manter a doença erradicada.

No último domingo, 26, a vacina infantil contra pólio desenvolvida pelo virologista norte-americano Jonas Salk completou 70 anos de existência. No Brasil, a campanha de imunização contra a poliomielite começou em 1980; cerca de 20 anos depois, o país entrou para a lista de nações que erradicaram o poliovírus. No entanto, a baixa adesão à vacinação é uma tendência tanto local quanto mundial e preocupa autoridades de Saúde, já que foram registradas novas infecções no ano passado fora do Paquistão e Afeganistão, os dois países onde a poliomielite ainda é considerada endêmica pela OMS.

Também em 2022, foi lançada a Declaração Científica sobre a Erradicação da Poliomielite, uma iniciativa internacional de combate à doença que, inclusive, tem a ministra Nísia Trindade entre as principais signatárias e ativistas na luta contra a paralisia infantil. “Temos a chance inédita de erradicar a pólio em todo o mundo, à semelhança da varíola”, afirma a titular da Saúde. A declaração faz parte de um movimento iniciado no ano passado, com participação de diversas autoridades internacionais de Saúde, que busca erradicar completamente a doença até 2026.

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