Bolsonaro volta para se casar com Moro e gerar prole nazifascista
Jair Bolsonaro e Michelle vão viajar pelo País a partir do segundo semestre. Foto: Wilton Junior/Estadão
Depois de três meses nos Estados Unidos, o ex-presidente Jair Bolsonaro retorna ao Brasil nesta quinta-feira, 30, disposto a assumir o papel de líder da oposição. Embora com a imagem desgastada após os atos golpistas de 8 de janeiro e a descoberta de que recebeu joias de presente da Arábia Saudita, como revelou o Estadão, Bolsonaro prepara uma estratégia para mostrar que ainda é o principal antagonista do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Na tentativa de se desviar das acusações que pesam contra ele, Bolsonaro voltará a investir nas redes sociais para fazer um contraponto entre sua gestão e ações do governo petista. A data para o seu retorno foi planejada sob medida, às vésperas de Lula completar três meses de governo, num momento em que o petista enfrenta uma situação difícil na política e na economia. Bolsonaro embarcou para Orlando (EUA) em 30 de dezembro do ano passado, sem passar a faixa a Lula e alimentando suspeitas infundadas sobre a legitimidade das eleições.
O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, afirmou que tanto Bolsonaro como a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro vão trabalhar agora com o objetivo de fortalecer o partido para as disputas municipais de 2024, antessala da eleição presidencial de 2026. No ano passado, o PL conquistou a maior bancada na Câmara, com 99 deputados. A legenda conta, ainda, com 12 senadores e um fundo partidário de R$ 205 milhões.
A ideia é que Bolsonaro e Michelle comecem a viajar pelo País no segundo semestre, mas não juntos. “Vamos pensar no futuro”, disse o ex-presidente por videoconferência, no último dia 21, quando Michelle assumiu o comando do PL Mulher. “O PL é um grande partido, tem aproximadamente 20% dos parlamentares federais com ele. O partido está estruturado, está organizado. É um partido que quer, sim, lutar para fazer mil prefeitos o ano que vem pelo Brasil”, completou.
Delação.
Apesar do clima de “festa” no PL, aliados do ex-presidente temem que antigos amigos de Bolsonaro, como o ex-ministro da Justiça Anderson Torres, façam delação premiada. Torres está preso há dois meses e meio. Recentemente, ele prestou depoimento ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em uma ação que pode tornar Bolsonaro inelegível por causa dos ataques às urnas eletrônicas.
Nos bastidores, integrantes do governo Lula avaliam que a situação de Torres é complicada. A Polícia Federal achou na casa dele, após os atos que depredaram os prédios do Palácio do Planalto, do Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF), em 8 de janeiro, um documento batizado como “minuta do golpe”. O ex-ministro de Bolsonaro era secretário da Segurança Pública do Distrito Federal e estava nos Estados Unidos quando ocorreram os ataques na Praça dos Três Poderes.
“Nada está provado contra Bolsonaro nem contra seus principais colaboradores”, disse o deputado Capitão Augusto (SP), vice-presidente do PL. “Nesse caso das joias, por exemplo, a legislação é dúbia e ele não responde a processo criminal nem administrativo por isso.”
A Polícia Federal já marcou para a próxima quarta-feira, 5, porém, o depoimento de Bolsonaro no inquérito que investiga as joias recebidas por ele do regime saudita. Há suspeitas de que o ex-presidente tenha cometido crime de peculato. Além disso, o Tribunal de Contas da União (TCU) determinou auditoria em todas as peças, estimadas em pelo menos R$ 18 milhões. Até agora, Bolsonaro devolveu apenas o segundo estojo – composto por relógio, anel, par de abotoaduras e um terço árabe, tudo cravejado de diamantes –, que havia sido incorporado a seu acervo pessoal.
Segurança.
Nas redes sociais, apoiadores do ex-presidente estão convocando manifestantes para que compareçam ao Aeroporto de Brasília nesta quinta-feira, 30, às 7h15, horário previsto para o desembarque. Uma dos posts diz: “30/03/2023 – O Retorno”.
Bolsonaro pretendia desfilar em carro aberto do aeroporto até o Condomínio Solar de Brasília, no Jardim Botânico, onde vai morar. O PL pediu reforço ao governo do Distrito Federal para o esquema de segurança do ex-presidente, pois são esperadas aproximadamente 10 mil pessoas na recepção.
O governo do Distrito Federal decidiu, porém, isolar o terminal e impedir o comício improvisado, fechando parte da Esplanada dos Ministérios para evitar tumultos. O deputado Carlos Jordy (PL-RJ) chegou a perguntar ao ao ministro da Justiça, Flávio Dino, por que a Polícia Federal se recusou a fazer a segurança no aeroporto. “Vamos esperar outro 8 de janeiro?”, cobrou Jordy, em audiência na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), nesta terça-feira, 28.
Dino respondeu de pronto. “Eu sugiro que o senhor leia o artigo 144 da Constituição”, afirmou o ministro. “A Polícia Federal não pode fazer segurança externa no aeroporto”.
A data do retorno de Bolsonaro também é véspera do 31 de março, quando o golpe de 1964 completa 59 anos. Desta vez, porém, o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, avisou aos comandantes das Forças Armadas que não haverá ordem do dia sobre a data. “Será um dia como outro qualquer”, afirmou ele.
Quando ocupava o Palácio do Planalto, Bolsonaro determinava ao Ministério da Defesa a “comemoração” do golpe, exaltando o período da ditadura militar (1964 a 1985). Capitão da reserva do Exército, o ex-presidente pretende agora reaglutinar a direita em torno de temas como defesa do porte de armas e da pauta de costumes. Como presidente de honra do PL, ele começará a despachar na sede do partido, em Brasília, com salário de R$ 41 mil. Michelle também terá o mesmo rendimento mensal.