Edir Macedo bate e assopra o governo Lula

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Foto: Reprodução

Acenos recentes do PT à ala política da Universal não foram suficientes para que o governo Lula se aproximasse da igreja. Desde novembro do ano passado, após a derrota de Jair Bolsonaro, a Folha Universal — periódico de tiragem semanal — criticou o petista em ao menos sete ocasiões. O presidente do Republicanos, deputado Marcos Pereira (SP), mantém o posicionamento de que a sigla ligada à igreja não integrará a base governista.

O presidente Lula fez gestos em direção ao Republicanos em dois momentos distintos deste ano: com o apoio à eleição do deputado Jhonatan de Jesus (RR) para ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) e no acordo costurado com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que levou Marcos Pereira à vice-presidência da Casa.

Mesmo com essas movimentações, a Folha Universal continuou atacando Lula e seu partido. A crítica mais recente foi publicada em 5 de março, quando uma reportagem sobre o voto feminino recaiu no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. De acordo com o texto, o afastamento seguiu todo o rito constitucional. Desde que assumiu, Lula adotou o discurso de que foi um “golpe.”

Em dezembro passado, o jornal que distribui 1,7 milhão de exemplares por semana, criticou a postura de membros da sociedade civil que estiveram ao lado do petista nas últimas eleições.

“Lula não é novidade. O PT não é novidade. Já conhecemos seu modo de governar, que quebrou o Brasil e foi responsável pelo maior escândalo de corrupção já visto neste país. Não existe razão para pensar que algo seria diferente desta vez. Se temos que esperar alguma coisa para o próximo mandato de Lula, é que o PT se manterá fiel à sua natureza e será ainda mais PT”, diz trecho da matéria.

No mesmo mês, a Folha Universal afirmou que o presidente não se importa com os mais pobres: “O mais preocupante é que Lula sabe disso e demonstra que, na verdade, pouco se importa com os pobres. A fome de poder e a sede de vingança o deixaram cego e todos os brasileiros vão sofrer as consequências de ter um governante que só se importa com as vaidades do cargo”.

Em 11 de janeiro, o periódico voltou à carga com reportagem que trazia um balanço negativo dos primeiros dias de governo — menos de 72h depois das manifestações golpistas que culminaram na invasão e depredação das sedes dos três Poderes. “Governo Lula dá sinais que está perdido”, dizia o título. A publicação reverberava uma matéria do dia anterior que teria “resumido” a atuação dos ministérios do petista. Nesta mesma quinzena, a corrupção foi tema de uma reportagem.

As publicações sucedem as críticas direcionadas a Lula durante todo o período eleitoral. Como noticiado pela coluna de Lauro Jardim, do GLOBO, a duas semanas do segundo turno a Folha Universal exibiu como manchete: “Por que Lula tem fama de ladrão”. Na ocasião, a publicação explicava “os maiores escândalos de corrupção do PT” e sugeria ao leitor refletir “se o partido deve voltar ao poder”.

Logo após o resultado da eleição, o bispo e fundador da Universal, Edir Macedo, postou um vídeo em que dizia ser preciso perdoar Lula. “Eu perdoo você, Lula, que fez tanto mal para o Brasil, que fez o que fez”, disse o religioso que foi um dos maiores cabos eleitorais de Bolsonaro.

A declaração não foi bem recebida pela presidente do PT, Gleisi Hoffmann. Ela respondeu que ele deveria pedir perdão é a Deus pelas “mentiras que propagou”.

Nove dias depois, a Folha Universal publicou o editorial “Dois Brasis”, que tratava Lula como “protegido’ pelo Supremo Tribunal Federal e exaltava os bloqueios antidemocráticos promovidos nas estradas por apoiadores de Bolsonaro.

MORDE
PT dispensa ‘perdão’

Após a eleição, o bispo Edir Macedo, fundador da Universal, postou um vídeo em que dizia ser preciso perdoar Lula. A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, respondeu nas redes que Macedo deveria pedir perdão a Deus pelas “mentiras que propagou”.

Secretaria engavetada

Setores do PT chegaram a defender a criação de uma secretaria de assuntos religiosos, vinculada à Secretaria-Geral da Presidência, com o intuito de aproximar Lula dos evangélicos. A ideia, porém, não foi à frente.

ASSOPRA
Vaga no TCU

O PT endossou a indicação, pela Câmara, do deputado Jhonatan de Jesus (Republicanos-RR) para ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), em fevereiro. O nome de Jhonatan de Jesus foi aprovado, em votação, pelas duas Casas do Congresso.

Cargo na Câmara

A base do governo Lula chancelou acordo costurado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que levou o presidente do Republicanos, deputado Marcos Pereira (SP), à vice-presidência da Casa, também em fevereiro.

O Globo