Especialista diz que Polícia deixou golpistas agirem
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O ex-secretário executivo da Segurança Pública do Distrito Federal, delegado da Polícia Federal Fernando de Sousa Oliveira, afirmou nesta quinta-feira que houve “passividade” por parte da Polícia Militar do DF na contenção dos golpistas que atacaram as sedes dos Três Poderes, em Brasília, em 8 de janeiro.
— Eu me senti impotente. (…) Não houve resistência a invasão. Eu posso dizer que houve uma certa passividade [por parte da PM-DF]. Isso vai ser apurado por meio do inquérito policial, o que ocorreu de errado na execução — disse ele, em depoimento à CPI dos Atos Antidemocráticos na Câmara Legislativa do Distrito Federal. — É notório que havia passividade de alguns policiais — reforçou.
Segundo Oliveira, houve um erro na execução do plano elaborado pelo Departamento de Operações da Polícia Militar (DOP) para controlar o ato golpista.
— O grande questionamento é: por que o departamento de Operações da Polícia Militar não executou o que foi acordado no PAI (Plano de Ações Integradas) — afirmou ele, lembrando que a mesmo corporação atuou na megamanifestação de 7 de setembro e na posse do presidente Lula, sem nenhum incidente.
Oliveira comentou que é de praxe na PM-DF mobilizar um “excesso de tropa” para acompanhar manifestações, o que não aconteceu em 8 de janeiro. — O excesso sempre é bom para esse tipo de operação. Depois, a gente faz o pagamento de extra a policiais. Eu nunca na minha gestão economizei tropa. Só que não cabia a mim o planejamento, mas ao PAI — disse ele.
Ao ouvir as declarações do ex-secretário, o presidente da CPI, deputado distrital Chico Vigilante (PT), comentou: — Eu começo a concluir que o senhor foi traído.
Oliveira também afirmou que o então secretário titular, Anderson Torres, viajou aos Estados Unidos sem apresentá-lo ao governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB), e aos comandantes das forças policiais. Com Torres fora do Brasil, ele estava no comando da SSP no dia 8 de janeiro, quando ocorreram os ataques.
— Eu não fui apresentado nem ao governador nem aos comandantes das forças. Com a viagem dele, eu assumiria oficialmente a secretaria na segunda-feira. E a partir daí se iniciaria as apresentações oficiais — disse ele.
O delegado da PF ainda comentou que ficou “muito preocupado” com a situação de assumir a pasta sem nem ter conhecido o governador em um momento em que havia uma escalada de manifestações em Brasília.
— Eu apresento fatos. Eu realmente fiquei muito preocupado. O meu sentimento foi de preocupação — disse ele, e acrescentou que no domingo 8 de janeiro “conhecia Ibaneis a menos de 24 horas”.
Oliveira foi enfático em dizer que, no fim de semana dos ataques, ele continuava como secretário-executivo tanto que reportava todas as suas ações a Torres, que se encontrava nos Estados Unidos.
— Nós não tínhamos secretário de segurança no domingo, então — concluiu Chico Vigilante (PT).