Ex-BBB bate boca com Nikolas da peruca

Destaque, Todos os posts, Últimas notícias

Foto: Reprodução

O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), que vem sendo alvo de críticas por uma conduta transfóbica no Dia Internacional da Mulher, celebrado na quarta-feira (8), vivenciou um bate-boca com a ex-BBB Ana Paula Renault no interior de uma aeronave. O momento da discussão foi publicado pela própria Ana Paula nos Stories de sua conta no Instagram nesta sexta-feira (10).

— Gente, parece até ironia do destino. Olha quem sentou do meu lado agorinha — disse Ana Paula no início do vídeo.

Ela então aponta a câmera do celular para Nikolas, que aparece sorridente a seu lado acenando.

— Nikolas, eu te indaguei se você vai continuar fazendo crimes — acrescentou Ana Paula.

Ela então foi de repente confrontada sobre a agressão que causou no reality show a ponto de ter sido eliminada do programa em 2016.

— Eu não tô falando da minha participação do Big Brother — rebateu. — Eu tô falando do seu decoro parlamentar que foi quebrado em pleno plenário da Câmara.

Em seguida, Nikolas começa a questionar qual seria o artigo da legislação brasileira que criminaliza a transfobia.

A resposta para os repetidos questionamentos de Nikolas encontram-se numa decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), datada de 13 de junho de 2019, que tipificou a criminalização da LGBTfobia. Até então, os crimes cometidos contra a população LGBTQIAP+ motivados por sua orientação sexual ou identidade de gênero não tinham nenhuma tipificação penal específica no Brasil. Atualmente, tais delitos podem ser enquadrados na legislação já existente que define os crimes de racismo.

“As condutas homofóbicas e transfóbicas, reais ou supostas, se enquadram nos crimes previstos na Lei 7.716/2018 e, no caso de homicídio doloso, constitui circunstância que o qualifica, por configurar motivo torpe”, afirmou o STF na ocasião, em referência à lei do racismo.

Nikolas vestiu uma peruca na tribuna da Câmara dos Deputados enquanto proferiu ataques a mulheres transexuais. Ele subiu na tribuna e em tom de deboche afirmou que se “sentia mulher” tendo “lugar de fala” para abordar o tema. As declarações levaram parlamentares a pedir a cassação de seu mandato. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), também criticou o comportamento do deputado: “o plenário não é palco para exibicionismo e muito menos discursos preconceituosos”.

— Hoje, me sinto mulher. Deputada, Nicole. As mulheres estão perdendo seu espaço para homens que se sentem mulheres. Para vocês terem ideia do perigo que é isso, eles estão querendo colocar a imposição de uma realidade que não é a realidade — disse o parlamentar.

Nikolas ainda disse que o feminismo não teria feito nada pela igualdade de gênero. Além disso, fez um discurso com recomendações sobre como as mulheres deveriam se comportar.

— Mulheres, retomem sua feminilidade, tenham filhos, amem a maternidade, formem sua família. Dessa forma, vocês colocarão luz no mundo e serão, com certeza, mulheres valorosas — declarou.

Apesar das críticas, ele teve o terceiro maior pico de seguidores do ano — ganhou 46,3 mil novos internautas em suas redes. O aumento da popularidade ficou atrás apenas dos ganhos no período entre 31 de janeiro e 2 de fevereiro, quando Ferreira tomou posse na Câmara dos Deputados (109,4 mil seguidores), e após os atos golpistas do dia 8 de janeiro (48,3 mil seguidores). Os dados são da Consultoria Bites.

O deputado é investigado desde fevereiro por injúria racial contra a também parlamentar Duda Salabert (PDT -MG). O Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) acatou um pedido do Ministério Público sobre o caso e determinou que a 5ª Vara Criminal de Belo Horizonte analise a queixa-crime da deputada de 2020. À época, o deputado usou um pronome masculino para se referir à Duda, que é uma mulher transexual.

Em junho do ano passado, o Ministério Público do Estado de Minas Gerais também instaurou inquérito para investigar vídeo publicado pelo então vereador Nikolas considerado transfóbico. Ele foi acusado de LGBTFobia e violação do artigo 17 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) por expor uma jovem de 14 anos nas redes sociais.

O Globo