
Governo não abre mão de denunciar bolsonarismo no BC
Foto: Casa Civil/Divulgação
O ministro da Casa Civil, Rui Costa, disse nesta quarta-feira (22) que o governo vai continuar pressionando o Banco Central pela redução da taxa Selic, a taxa básica de juros da economia brasileira, que hoje é de 13,75% ao ano.
Questionado sobre a possibilidade de o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC manter o patamar da taxa Selic, na reunião que deve ser concluída nesta quarta, Costa afirmou: “A reação do governo vai ser continuar questionando e criticando o presidente do Banco Central por essa decisão”.
O comentário, feito durante café da manhã com jornalistas, ecoa declarações dadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em entrevista na terça (21). À ocasião, Lula disse que a taxa atual é um “absurdo”, e que vai “continuar batendo” no BC para reduzi-la
Rui Costa disse que “não é aceitável” que o Banco Central permaneça “irredutível” com relação à taxa Selic. Também afirmou que a economia brasileira está sendo “asfixiada” pelo cenário.
“Acho que não é explicável essa posição do Banco Central de ficar irredutível a uma taxa tão exorbitante de juros. Repito, gente: ou o mundo inteiro está errado, e só o Banco Central brasileiro está certo. Eu não sou adepto a esse tese.”
“O Brasil é disparado a maior taxa real de juro do mundo. A economia está sendo asfixiada. O comércio está sendo asfixiado no seu financiamento”, continuou.
O ministro da Casa Civil ainda acusou o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, de prestar um “desserviço” ao país.
“O que o presidente do Banco Central está fazendo um desserviço com a nação brasileira. Ele elevou para 13,75% esse patamar do juro quando a inflação estava em torno de 10%. Hoje, a inflação está um pouco acima de 5%. O que justifica ele estar com a mesma dose de remédio que estava com 10% de inflação? Está com febre de 40, hoje está com estado febril de 36,9 ou 37 e está com a mesma dose do remédio. Não é apropriado para isso. Ele não precisa de um anúncio de um novo marco fiscal para rever isso. Me desculpe, não precisa”, disse.
Em entrevista ao portal “Brasil 247”, na terça, o presidente Lula reafirmou que pretende manter pressão sobre o BC para reduzir a taxa de juros.
“Eu vou continuar batendo, eu vou continuar tentando brigar para que a gente possa reduzir a taxa de juros, para que a economia possa ter investimento”, disse.
O presidente também criticou a autonomia do Banco Central. “A gente só vai poder mudar o [presidente do] Banco Central daqui dois anos, porque ele tem autonomia. Eu, sinceramente, nunca me importei com a autonomia do Banco Central. Eu nunca achei que era importante. Eu não sei porque as pessoas acham que é importante autonomia.”
A Selic é a taxa básica de juros do Brasil. Ela é uma referência para o custo do crédito no país e um dos principais instrumentos do Banco Central pra controlar a inflação.
Os diretores do Banco Central, o Comitê de Política Monetária (Copom), se reúnem em um comitê oito vezes por ano para definir a Selic, uma vez a cada 45 dias. Nesse encontro, eles avaliam a situação econômica do Brasil e definem qual a melhor taxa.
A reunião mais recente começou na terça (21). O encontro anterior, o primeiro durante o terceiro mandato de Lula, ocorreu em 1º de fevereiro. À ocasião, o comitê manteve a taxa de 13,75%, pela quinta vez consecutiva.
É o maior patamar desde novembro de 2016, quando o índice estava em 14% ao ano.