Lula expurga embaixadores bolsonaristas

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Foto: Juliana Sayuri/UOL

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva remove de postos considerados como chaves na chancelaria brasileira embaixadores vistos como ligados ao bolsonarismo e restitui diplomatas que tinham sido colocados na “geladeira” pela antiga administração.

Nesta terça-feira, no Diário Oficial, a presidência encaminhou ao Senado uma lista de nomes para que sejam sabatinados e, assim, possam ocupar embaixadas do Brasil pelo mundo.

Nos últimos dias do governo de Jair Bolsonaro, o Itamaraty tentou nomear embaixadores pelo mundo. Mas a lista foi abortada pela equipe de transição.

Um dos movimentos do novo governo, agora, foi o de remover diplomatas que ficaram associados à gestão de Ernesto Araújo, nos dois primeiros anos do governo Bolsonaro. Um deles foi Nestor Forster, embaixador do Brasil nos EUA.

Para muitos, foi ele o responsável por manter a ligação entre Brasília e Olavo de Carvalho, além de contatos com os principais nomes da ultradireita americana.

No Diário Oficial, o governo submete o nome da embaixadora Maira Luiza Ribeiro Viotti para ocupar o cargo na capital americana.

Forster, de fato, já tinha iniciado sua despedida dos meios políticos dos EUA, inclusive com eventos com a participação de nomes importantes do governo de Donald Trump. O cargo de embaixador do Brasil na ONU, em Nova York, também muda de mãos e, no Diário Oficial, o governo pede para que o Senado sabatine Sérgio França Danese.

O embaixador havia sido obrigado a deixar seu cargo na África do Sul, depois que Bolsonaro pediu o lugar para seu então aliado Marcelo Crivella. Os sul-africanos nunca aceitaram o bispo e o posto brasileiro na economia mais importante da África ficou vago.

Agora, Danese assume um dos cargos mais importantes na diplomacia, na esperança de retomar o processo de normalização do Brasil com o sistema multilateral.

Outro que será beneficiado por um novo posto é o embaixador Antônio Patriota, ex-chanceler de Dilma Rousseff e que estava no Cairo. Agora, o Senado considerará seu nome para a embaixada do Brasil no Reino Unido.

A embaixada do Brasil na França ficará com Ricardo Neiva Tavares, braço direito do então chanceler Celso Amorim no segundo mandato de Lula. Ele terá a missão de restabelecer as relações com o governo de Emmanuel Macron, depois de quatro anos de tensão, ofensas e ruptura de confiança por parte de Bolsonaro e seus aliados.

Outro cargo estratégico, o de embaixador do Brasil em Buenos Aires, ficará com Julio Glinternick Bitelli. O posto havia sido cobiçado por nomes ligados ao bolsonarismo, no final do mandato do ex-presidente.

No Vaticano, o Itamaraty escolher o embaixador Everton Vieira Vargas. Lula pretende fazer uma visita ao papa Francisco em meados do ano. Por fim, o diplomata que serviu como porta-voz de Ernesto Araújo e que liderou algumas das principais negociações do Brasil nos últimos quatro anos, Paulino Franco de Carvalho Neto, ficará com a embaixada do país no Cairo.

Entre diplomatas, o embaixador foi considerado como um articulador que tentou reduzir o extremismo das posições de Ernesto Araújo e retomar alguns dos pontos tradicionais da diplomacia brasileira.

Uol