Militares que foram candidatos levam política aos quartéis
Foto: Marcelo Régua / Agência O Globo
O governo Lula vê os comandantes das Forças Armadas como “parceiros” na criação e defesa da proposta que vai obrigar militares da ativa a se desligarem da instituição ou irem para reserva se disputarem eleições ou assumirem ministérios.
Em conversas com integrantes do governo, os comandantes têm encampado com ênfase a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que coloca as restrições. São eles: o brigadeiro Marcelo Kanitz Damasceno (comandante da Aeronáutica), o general Tomás Ribeiro Paiva (comandante do Exército) e o almirante Marcos Sampaio Olsen (comandante da Marinha).
Integrantes do governo têm destacado, em especial, a conduta do general Tomás Paiva. Nas conversas sobre o tema, o comandante pontua o elevado número de militares que concorreram às eleições de 2022 e avalia que boa parte daqueles que não são eleitos volta carregando a política para os quartéis.
Antes de apresentar ao presidente Lula a ideia de elaborar a PEC, o ministro da Defesa, José Mucio, conversou com os três comandantes. A colegas da Esplanada, Múcio relatou que foi deste debate que nasceu o projeto. O ministro da Defesa afirma que o objetivo da proposta é fazer com que os militares optem por qual caminho que querem seguir: o da carreira nas Forças ou o da política.
Atualmente, membros do Exército, da Marinha e Aeronáutica podem se afastar das atividades para disputar cargos eletivos e voltar ao fim do processo eleitoral. A Constituição estabelece que, se o militar tiver mais de dez anos de serviço e for eleito, ele é automaticamente transferido para a reserva remunerada no ato da diplomação.