OAB afasta advogado que acusou Lula de drogar pessoas
Foto: Breno Esaki/Especial Metrópoles
Claudemir Antônio Parisotto, o advogado que pichou prédios de Brasília com frases sobre Lula (PT) ter drogado Geraldo Alckmin (PSB) e eleitores, entrou com recurso no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contra a diplomação do presidente eleito, alegando que o petista “praticou estelionato eleitoral mediante o uso de droga”. O defensor acabou sendo licenciado da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
A licença ocorre em três casos possíveis: quando o associado pede, quando a Ordem verifica que ele promove “atividade incompatível com o exercício da advocacia” ou quando verifica-se uma “doença mental considerada curável”. Ela é diferente da suspensão da inscrição.
Como os processos ético-disciplinares da OAB são sigilosos, a Ordem não detalhou a licença de Claudemir. Nas redes sociais, internautas fotografaram o advogado caminhando em Joinville (SC) com uma cruz com os dizeres: “Processei Lula no TSE, me cancelaram a OAB”. O processo citado por ele foi uma petição com vários erros de português e ideias desconexas.
Na peça, ele tentava impedir a diplomação do presidente por ter drogado eleitores e o próprio vice. Claudemir alegava que tudo se trata de “uma questão de programação neurolinguística”, pois, “com a droga no corpo, a vítima aceita tudo como verdade e é gravado na mente”. Segundo ele, esse estado chamado de “dormência do racional lógico” dura enquanto a substância ilegal está “ativa na mente”.
“O diplomado praticou estelionato eleitoral mediante o uso de droga com o propósito de praticar outro crime, ou seja, pôr em erro o eleitor na hora de votar e obter vantagem ilícita […] O diplomado drogou Alckmin (a droga está no seu corpo) e o time todo ‘passou o sal’ nos conservadores, que estavam praticamente identificados que votariam no 22”, traz o recurso.
Claudemir afirmava que a chapa eleita usou LSD contra eleitores para fazer com que eles votem em quem eles não queriam. Além de tentar anular a diplomação de Lula e Alckmin, o advogado pede que o TSE faça um chamamento de, no mínimo, 100 eleitores e testemunhas que “ouviram alguém dizer que votou 22 e apareceu 13”.
O texto chega a dizer: “Certeza absoluta que será encontrada a droga LSD” e que “certamente em torno de mais de dois milhões de eleitores no Brasil foram drogados e não sabem”.
O advogado Claudemir Antônio Parisotto vem protagonizando histórias ilógicas por Brasília. Ele foi autor de pichações em ministérios e no Museu Nacional da República, com letras em vermelho, escrevendo frases como: “O Alckmin foi drogado com LSD, a droga da reeducação comunista”.
Em outro monumento, pichou ainda os dizeres: “O fruto proibido domina a mente por sete dias” e “Alckmin foi drogado pelo PT com LSD”. Investigado pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), o advogado de 48 anos afirmou que mora em Chapecó (SC) e veio a Brasília porque queria conversar com o presidente Jair Bolsonaro (PL), para dizer que “descobriu” uma droga da “reeducação comunista”.
Ele também dedicou alguns dias para ficar em uma região central de Brasília com uma grande cruz feita em PVC, também com dizeres sobre LSD, Lula, Alckmin e comunismo.