PL cobra mais espaço de Tarcísio
Com participação ínfima no governo, PL tem a maior bancada da Alesp e está à frente da presidência da Casa – Foto: Reprodução/Instagram
Sem uma base sólida na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), o governador Tarcísio de Freitas tem sido pressionado a ceder mais espaço no governo para o PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro e dono da maior bancada do Legislativo paulista.
Desde o início do governo, deputados da legenda têm se queixado da participação ínfima na gestão estadual. O único representante do PL no primeiro escalão é o deputado federal licenciado Guilherme Derrite, que está à frente da Secretaria de Segurança Pública. Mesmo assim, parlamentares afirmam que Derrite não faz parte da “cota” do partido, tendo sido uma indicação pessoal de Tarcísio.
Deputados do PL ouvidos reservadamente pelo GLOBO dizem que indicações ao governo seriam “naturais” em função da bancada de 19 deputados. E que embora os deputados estejam dando sustentação a Tarcísio na Casa, ainda falta “reciprocidade” por parte do governador.
A insatisfação foi colocada sobre a mesa na última sexta-feira, em uma reunião da bancada com o ex-ministro da Defesa Walter Braga Netto, que assumiu o posto de secretário nacional de Relações Institucionais do PL. Nela, os parlamentares demonstraram preocupação com a ausência de quadros no governo e afirmaram ver risco de o PL patinar nas eleições municipais, dado o fortalecimento do Republicanos e do PSD na atual gestão, especialmente com a ofensiva do secretário de Governo, Gilberto Kassab, sobre os prefeitos tucanos.
As queixas foram levadas por Braga Netto a Tarcísio no mesmo dia, num encontro que ocorreu no Palácio dos Bandeirantes. O ex-ministro reforçou a importância da bancada para a governabilidade de Tarcísio e deixou as tratativas nas mãos de André do Prado, presidente da Alesp e braço direito de Valdemar Costa Neto, dirigente da legenda a nível nacional.
O governador de São Paulo também negocia indicações com o PP. Na semana passada, Tarcísio se reuniu com o líder do partido na Alesp, Delegado Olim, com o presidente estadual da sigla, o deputado Maurício Neves, e com o presidente nacional e ex-ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira.
A legenda tem somente um representante, o secretário de Transportes, Marco Assalve, mantido no posto por indicação do deputado federal Guilherme Mussi, que comandava o diretório estadual do PP. Agora, o partido pleiteia a indicação de um secretário-adjunto na gestão.
Enquanto é cobrado por PL e PP por mais espaço em seu governo, Tarcísio tem lidado com a insatisfação dentro de seu próprio partido, o Republicanos, à frente de pastas de menor orçamento: Turismo (Roberto de Lucena), Esporte (Helena Reis) e Políticas para Mulheres (Sonaira Fernandes).
O mal-estar com o partido ligado à Igreja Universal piorou nas últimas semanas com a demissão de aliados do deputado federal Celso Russomanno e do líder do governo na Alesp, Jorge Wilson, do Procon-SP, como mostrou o GLOBO.
Antes mesmo da limpa no órgão de defesa do consumidor, o presidente do Republicanos, o deputado federal Marcos Pereira, fez cobranças diretas ao governador. A leitura do partido é que as indicações têm se concentrado em Kassab e Arthur Lima, chefe da Casa Civil.