Por que Lula defendeu a Ucrânia

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Eduardo Guimarães

Em entrevista ao jornalista Reinaldo Azevedo na última quinta-feira (3), no canal da Band News no YouTube, o presidente Lula deixou clara e cristalina como água a sua posição sobre a insana e burra guerra russo-ucraniana, como se vê no trecho abaixo:

“(…)Agora, uma coisa todo mundo sabe: é que eu — EU! — defendo a soberania ucraniana. O russo não tinha o direito de ter, sabe… O russo não tinha o direito de ter invadido a Ucrânia. Isso a gente não aceita porque a integridade territorial é uma questão sagrada (…)”

A posição de Lula sobre o conflito russo-ucraniano é idêntica à posição do mesmo Lula de deixar navios de guerra iranianos aportarem no Brasil, desagradando os Estados Unidos. Tudo se resume a uma palavra de cinco sílabas: so-be-ra-ni-a.

Não há entendimento ideológico possível sobre a invasão da Ucrânia pela Rússia. É uma questão civilizatória. A Rússia não está respondendo a uma agressão armada da Ucrânia; está promovendo o que EUA e Israel chamam de “guerra preventiva” — que nós, da esquerda, tanto criticamos.

Ou seja: a Rússia está atacando a Ucrânia devido ao suposto risco de o país atacado estar conspirando com os EUA e com a Otan contra si. “Ah, Eduardo, mas a Ucrânia está conspirando mesmo”. E se estiver mesmo, isso autoriza a Rússia a jogar bombas sobre o povo ucraniano? Quantas crianças já morreram na Ucrânia sob as bombas russas?

Muito se fala sobre relações do regime ucraniano com neonazistas, sobre vários problemas morais e comportamentais do presidente Volodymyr Olexandrovytch Zelensky, que até podem ser verdades…

Não sei se são verdades, mas, nesta questão, não importam.

Também já se falou muito sobre o regime ucraniano ter violado o Pacto de Varsóvia, sobre a Ucrânia estar em guerra civil há 9 anos (questão interna deles), sobre o risco de a Ucrania detonar os Brics se não tiver o apoio de Brasil, Índia e China à sua “guerra preventiva” contra a Ucrânia. Mas nada justifica.

Ora, estou com Lula. Não podemos aceitar que um país promova uma agressão armada contra outro, mate a sua população e destrua a estrutura do país, prejudicando a mesma população, só porque vê risco de, no futuro, esse país atacado atacar quem agora o ataca.

Aderir à ofensiva russa significa apoiar “guerra preventiva” e agredir o mesmo Ocidente que apoiou a democracia no Brasil recentemente, aderindo ao mesmo Putin que vive trocando beijinhos com Bolsonaro e Trump — esses, sim, neonazistas de verdade.

Redação