Sem Bolsonaro, PL do Rio entra em crise

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Foto: Arte

Caciques do PL fluminense se reúnem nesta semana para definir a lista inicial de pré-candidatos a prefeito nas cidades com mais de 200 mil habitantes. O partido, que enfrenta no Rio um racha pelo controle da legenda, ainda vai analisar a eventual troca do comando regional. Grupos contrários ao atual presidente, deputado federal Altineu Côrtes, defendem a escolha de um nome de consenso. O mais cotado é o do vice-prefeito do Rio, Nilton Caldeira. Filiado histórico e um dos fundadores da sigla, ele atuaria como bombeiro para apaziguar os ânimos.

O controle do diretório fluminense é disputado por três grupos políticos liderados por Altineu; pelo senador Flávio Bolsonaro; e pelo governador Cláudio Castro, que ameaçou deixar a sigla depois de ser cortejado por PP e União Brasil. Após conversa com o presidente nacional da legenda, Valdemar Costa Neto, Castro foi aconselhado a permanecer. Em troca, terá garantida a estrutura do partido para a eleição de 2026, na qual pode disputar o Senado. O governador tem crescido politicamente no PL, muito pelo controle da máquina do Estado. É de Castro o poder de liberar verbas, convênios e projetos que alimentam redutos políticos.

Côrtes não pretende deixar a presidência regional. Aliado de Costa Neto, o deputado traz como justificativas para permanecer no cargo a condução da filiação de prefeitos e as chapas de candidatos a deputado que montou nas eleições do ano passado, levando o PL a ter as maiores bancadas federal e estadual no Rio. Também foi por meio de Côrtes que Castro se filiou ao partido. O deputado diz ter conversado com Flávio sobre o comando:

— Ninguém trabalhou mais pelo partido no estado nas eleições do ano passado do que eu. Não pretendo deixar a presidência. Todas as decisões continuarão a passar pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, maior nome político do PL no Rio. — disse Côrtes, ao comentar a indicação de Caldeira para substituí-lo: — É muito querido no partido. Fui eu quem o indiquei para vice do prefeito do Rio, Eduardo Paes.

Pela proposta dos caciques do PL, a definição dos pré-candidatos a prefeito terá de contemplar os três grupos que disputam o comando da sigla, mantendo proporcionalidade. Prefeitos em busca de reeleição, deputados e ex-deputados com redutos eleitorais expressivos terão prioridade na escolha. A fórmula pretende amenizar as divergências. Há disputas em cidades como Rio e Niterói. Hoje, o PL é a maior legenda do estado com 21 deputados estaduais, 14 federais, os três senadores da bancada, nove prefeitos e o governador.

No Rio, o senador Flávio, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, deixou clara sua disposição em disputar a prefeitura. Castro levantou a possibilidade de compor com o PP, em apoio ao seu secretário de Saúde e deputado federal licenciado, Dr. Luizinho. Também estão na fila o ex-ministro Walter Braga Netto, o deputado federal Eduardo Pazuello e o senador Carlos Portinho.

Em Niterói, o deputado federal Carlos Jordy, aliado de Flávio, almeja prefeitura. Embora Côrtes defenda Jordy, aliados sugerem a pré-candidatura do vereador Atratino Côrtes (PL), irmão do deputado.

O PL tem se movimentado na Região Metropolitana. O deputado estadual bolsonarista Filippe Poubel mira na prefeitura de Maricá, enquanto Marcelo Delaroli tenta a reeleição em Itaboraí. Em São Gonçalo, Capitão Nelson, ligado a Côrtes, busca novo mandato. Entre as prioridades do PL estão Rio, São Gonçalo, Duque de Caxias, Nova Iguaçu, Niterói, Belford Roxo, Campos, São João de Meriti, Petrópolis, Volta Redonda, Macaé, Cabo Frio e Angra dos Reis.

O Globo